O segundo réu a depor no segundo dia de audiências com os acusados de envolvimento no desaparecimento e possível morte de Eliza Samudio também mudou a versão apresentada anteriormente à Polícia Civil. Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, admitiu ter visto a ex-amante de Bruno Fernandes no sítio do goleiro, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte.
À juíza Marixa Fabiane Rodrigues, no Fórum de Contagem (MG), Flávio Caetano de Araújo, o Flavinho, e Coxinha disseram que Eliza estava em companhia do bebê - que seria filho de Bruno com sua ex-amante - no período em que ela, conforme a denúncia, teria permanecido em cárcere privado no local.
Os dois foram acusados formalmente pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menores. Conforme a investigação policial, Flavinho e Coxinha participaram da tentativa de esconder a criança depois que Eliza já estava morta e seu desaparecimento começou a ser investigado.
Primeiro a depor, Flavinho afirmou que viu Eliza e o bebê no dia 8 de junho na área da piscina do sítio. Coxinha contou à juíza que no dia anterior viu a jovem com a criança no colo no mesmo local, onde Bruno e outros acusados tomavam cerveja. Ele disse que não havia confirmado a presença da vítima à polícia porque ficou "assustado" com a pressão exercida pelos delegados responsáveis pelo caso.
Nos depoimentos, porém, tanto Coxinha como Flavinho procuraram descaracterizar o crime de cárcere privado. A jovem, segundo Coxinha, transitava livremente pelo sítio. Ele disse que viu Eliza no local nos dias 7, 8 e 9 e não percebeu nenhum ferimento aparente na cabeça dela.
"Não vi nenhum machucado, sangramento ou curativo", afirmou ao responder aos questionamentos de Américo Leal, advogado de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço direito de Bruno. Conforme a denúncia, Eliza foi morta na noite do dia 10.
Os réus negaram qualquer envolvimento com os crimes e disseram que apenas atenderam a um pedido da ex-mulher de Bruno, Dayanne de Souza. Flavinho, que prestava serviço de motorista para o casal, disse transportou a criança no dia 25 de junho para a casa da mãe de Dayanne, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O bebê seguiu no colo de Coxinha e depois foi levado para outro endereço na região metropolitana da capital.
"Não tinha nenhuma intenção de fazer mal à criança", afirmou Coxinha, alegando que a ex-mulher de Bruno pediu que ele arrumasse uma babá para cuidar do menino, na época com quatro meses.
Ércio Quaresma, que representa o goleiro, repetiu o que havia feito ontem e dormiu durante o depoimento prestado na tarde de hoje.
Os outros réus serão ouvidos nos próximos dias. A expectativa é que Bruno seja o último a depor. O depoimento de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, inicialmente previsto para hoje deverá ser tomado amanhã.