O ex-ministro José Dirceu, preso nesta segunda(3) na 17ª fase da Operação Lava Jato, foi apontado pelo Procurador do Ministério Público Federal (MPF), Carlos Fernando dos Santos Lima, como um dos mentores do esquema de corrupção na Petrobras.
Dirceu cumpre pena domiciliar por conta da sua condenação no Mensalão e, por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) precisa autorizar a transferência do ex-ministro para a sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba. "Estamos diante de um caso de reiteração criminosa em que José Dirceu vem dentro deste esquema de recebimento de propina desde as investigações do Mensalão (ação penal 470), passando pela acusação, e sua prisão. O irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo Silva, muitas vezes foi até as empresas pedir pagamento de valores. Então nós entendemos que isto é um demonstrativo de desrespeito com a Justiça e da forma pela qual ela não inibe o seu comportamento", afirmou o procurador, durante coletiva de imprensa, hoje, de manhã, na PF, em Curitiba.
Lima disse aos jornalistas que mesmo no período em que Dirceu estava preso em Brasília há pagamentos pessoais feitos a ele e também pagamentos para a sua empresa, a JD. "Nós entendemos que o DNA, como já disse uma vez o ministro do STF, Gilmar Mendes, é o mesmo do Mensalão e da Lava Jato. Neste caso creio que José Dirceu é uma das pessoas que decidiu pela criação deste esquema", ressaltou o procurador.
A nova fase da operação Lava Jato foi batizada de "Pixuleco", em alusão ao termo utilizado para nominar a propina recebida em contratos. Logo pela manhã, cerca de 200 policiais federais começaram a cumprir 40 mandados judiciais, sendo 26 de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e seis mandados de condução coercitiva, em Brasília e em municípios de São Paulo e Rio de Janeiro. Foram decretadas ainda medidas de sequestro de imóveis e bloqueio de ativos financeiros.
Mais um lote de obras de arte do ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, foram apreendidas. São 14 quadros de Volpi, Di Cavalcanti, Manabu Mabe, Cícero Dias, entre outros, que estavam em uma galeria no Rio de Janeiro.
Entre os detidos está o irmão de Zé Dirceu, Luiz Eduardo Oliveira e Silva. Os presos devem ser trazidos ainda hoje para a PF de Curitiba. Mas há dúvidas se o ex-ministro terá a autorização do STF para viajar ainda nesta segunda.