Dezoito pessoas morreram ontem no Rio de Janeiro, incluindo uma estudante de 14 anos, um idoso e uma mulher, no quarto dia de confrontos entre polícia e criminosos nas ruas e nos morros. Foi o pior dia desde que a onda de arrastões e violência atingiu o Rio, no domingo. Ao todo, já são 26 mortos, 41 presos e dezenas de feridos.
A estudante Rosângela Barbosa, de 14 anos, foi morta com um tiro nas costas. O mesmo quase ocorreu com Bárbara Carolina Oliveira Silva, de 16 anos. Ela também levou um tiro nas costas e seguia hospitalizada à noite, em observação.
Já Janaína Romualdo dos Santos, de 43 anos, morreu durante o atendimento médico. Em seguida, um homem pardo, de 60 anos, ainda não identificado, não resistiu aos ferimentos e morreu no centro cirúrgico. Além deles, Rafael Felipe Aurídes Gonçalves, de 29 anos, chegou morto ao hospital - com tiros em rosto, cabeça e tórax.
A incursão policial começou pela manhã, com 100 homens de 6 batalhões na Vila Cruzeiro e nos Morros da Fé, do Sereno, Caixa D´'Água e Chatuba, que integram o Complexo da Penha. O intenso tiroteio perdurou até o início da noite. E os feridos continuavam chegando. A lista incluía José Ricardo Rodrigues Lopes, de 32 anos; Silvio de Souza Santos, de 39; Antonio da Rocha, de 68; Gerson Rodrigues de Oliveira, de 26; Kelly Regina Borges Santos, de 25; Aline Soares de Oliveira, de 28; e Pâmela Evangelista de Matos, de 22.
Balanço da Polícia Militar divulgado hoje informa que foram apreendidas 29 armas entre pistolas e revolveres, além de 10 fuzis, duas espingardas calibre 12, uma submetralhadora, cinco granadas, duas bombas caseiras. Os números chamam a atenção da imprensa internacional por causa da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Apesar das ações do governo para conter a onda de violência, incluindo transferência de oito presos para Catanduvas (PR) e operações em 27 favelas por tempo indeterminado, os ataques a veículos e os confrontos prosseguiram até a noite. Quarenta e sete escolas e dez creches, que atendem 17.772 alunos, não puderam funcionar ontem. A Universidade Gama Filho, na Piedade, zona norte, encerrou as aulas mais cedo.
Segundo informações do setor de inteligência da Secretaria de Segurança, a ordem para espalhar o terror teria partido de Marcinho VP, preso em Catanduvas (PR). O responsável pelas ações seria Fabiano Atanásio, o FB, da Vila Cruzeiro. O governo acredita que os ataques sejam uma reação às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que retomaram regiões dominadas por traficantes, e representariam a primeira ação conjunta das facções Comando Vermelho e Amigos dos Amigos (ADA).
O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) prometeu não desistir de UPPs. "São manifestações desesperadas (dos criminosos)," disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.