"Em nome do Estado brasileiro, o nosso pedido de desculpas". Foi com esta frase que a vice-presidente da Comissão de Anistia, Sueli Bellato, concedeu anistia a cada um dos sete ex-perseguidos políticos julgados na Caravana de Betim (MG), no sábado (08).
A emoção tomou conta de todos que acompanhavam a Caravana do Ministério da Justiça logo no primeiro julgamento da tarde. Herculano Pinto Filho, de 84 anos, chegou à sessão em cadeira de rodas e acompanhado da mulher. Ele era funcionário público e radialista na época da ditadura. Fundou e trabalhou em jornais da cidade de Lavras, interior de Minas Gerais, e foi preso sucessivas vezes ao longo do regime.
"Pior do que ser preso, era a forma como eles agiam. Lembro deles entrando na minha casa, revirando tudo, arrancando minha mãe da cama como se fosse um embrulho. Passei muitas dificuldades, mas graças a Deus estou aqui hoje", contou Herculano, sob os aplausos de mais de 250 jovens que acompanharam o julgamento.
Foram julgados também os pedidos de anistia de Maria de Fátima Nolasco, Hervê de Melo, Renato Santos Pereira e Mary de Souza Muniz, além dos casos post mortem de Maria da Silva Gonçalves e José Deolindo de Oliveira.
Esta foi a 44ª edição da Caravana da Anistia, a terceira no estado de Minas Gerais. Os julgamentos foram parte da programação do I Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos (EBRUC) e teve o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
"A ditadura foi uma duríssima realidade vivida em nosso país. O controle das forças de repressão era brutal e violento. Os jovens precisam saber a história daqueles que lutaram pela liberdade", afirmou o presidente do CNBB, Dom Geraldo Lyrio, reforçando a importância educativa da Caravana da Anistia.
"Nós queremos que vocês conheçam hoje as pessoas que acreditaram em suas convicções e foram capazes de dizer basta", completou a vice-presidente da Comissão de Anistia.