Na favela do Vidigal, ocupada desde as 3h30 deste domingo, 13, a situação foi de tranquilidade ao longo do dia. Não houve registro de confrontos, e a população colaborou com a força de ocupação. Os 200 homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) tiveram o auxílio das polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal e da prefeitura, que participou com a remoção de motos roubadas ou com documentação irregular apreendidas pela polícia.
Pela manhã, as equipes tiveram de lançar mão de veículos da Marinha por conta do despejo de óleo no asfalto pelos traficantes para dificultar o acesso. A maior farmácia do Vidigal, que fica na principal entrada da favela estava aberta, mas o entregador ficou de braços cruzados. "As entregas foram todas ontem. Todo mundo teve medo de hoje não abrir nada", disse.
O gerente do estabelecimento contou que o movimento desde o anúncio da ocupação caiu 70%. "O povo está entocado, só sai quem tem que trabalhar. As pessoas sabem que têm que estar em casa para o caso de a polícia querer entrar para revistar. Se não estiverem, eles metem o pé. E tem também o medo de bala perdida", afirmou.
O motorista de van Rubens Rocha, de 56 anos, único entrevistado que não teve medo de revelar sua identidade, relatou que a quantidade de veículos em circulação ontem caiu à metade. "Sabíamos que não teria movimento. Eu não tenho medo, porque sei que eles (os traficantes) não iam encarar o Caveirão. Moro aqui há 20 anos e passei momentos muito difíceis, com tiros toda semana. Agora vai melhorar de vez", relatou.
A situação também era calma na favela Chácara do Céu, no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, ocupada pelo Batalhão de Choque desde as 4h. Durante a ocupação, moradores ofereciam café e biscoito aos policiais. Nunca houyve tráfico residente nesta favela, mas ela poderia ser usada como rota de fuga pelos traficantes.