O médico Drauzio Varella publicou um vídeo nesta terça (10) em seu canal online no qual pede desculpas à família da criança morta pela transexual Suzy, a quem ele entrevistou em reportagem do "Fantástico", da TV Globo, no último dia 1º, e assume a responsabilidade pela repercussão negativa do caso.
"Ser médico orienta meu olhar em todas as situações, não só quando estou atendendo pacientes. Faço isso há mais de 50 anos, seja no consultório, cadeias, nos livros que escrevi, na televisão, nos jornais e na internet. Posso imaginar a dor e peço desculpas para a família do menino que foi involuntariamente envolvida no caso", declara.
Drauzio afirmou que desconhecia o motivo da condenação de sua entrevistada, mas disse compreender a decepção de quem entendeu se tratar de uma condenada por crime menor, como é o caso da maioria das transexuais presas, quando na verdade Suzy praticara um "crime que choca a todos", nas palavras dele.
A reportagem tratava das condições de vida das trans na prisão e não citava seus crimes. Provocou enorme repercussão e culminou na divulgação do endereço de correspondência da detenta pela Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP), que, em uma semana, recebeu mais de 200 cartas para ela.
Uma vez que os crimes cometidos vieram à tona em sites e redes sociais e foram confirmados pela SAP –estupro e homicídio de menor de 14 anos com uso de meio cruel e impossibilidade para fuga–, a conduta de Drauzio e do "Fantástico" passou a ser questionada.
No vídeo, o médico afirma que o episódio está sendo explorado politicamente e volta a dizer que não vai ser candidato a nenhum cargo político, hipótese aventada por fãs.
"Para quem acha que eu errei, desculpa, mas esse é meu jeito", diz. "Agora, eu gostaria de dizer claramente, e sem nenhuma chance de que eu volte atrás no futuro, que eu nunca fui nem serei candidato a nada. As pessoas que estão explorando politicamente esse episódio podem ficar tranquilas."
A declaração, de 2 minutos e 12 segundos, sucede nota emitida no domingo (8) na qual Drauzio reafirmou sua conduta e ressaltou ser "médico e não juiz". Ele havia dito, depois, que não mais se pronunciaria, mas voltou atrás após a crescente repercussão do caso, que envolveu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros políticos.
O "Fantástico" também emitiu nota no domingo (8) na qual afirmou apoiar integralmente o médico.