Hoje 15 milhões de brasileiros, na proporção de 20 homens para cada mulher, têm alteração congênita nos cones, células da retina que distinguem as cores. A disfunção que provoca dificuldade na diferenciação de cores é chamada pelos especialistas de discromatopsia ou daltonismo.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do tráfego e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) o maior desafio dos daltônicos é tirar ou renovar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Por conta disso, não faltam iniciativas para facilitar a vida desta parcela da população.
Além do projeto de Lei 4937/09 que tramita na Câmara com a proposta de alterar os formatos das lentes de semáforos, em Campinas as lentes amarelas ganharam uma tarja branca visando facilitar a visualização pelos portadores de daltonismo. Segundo Queiroz Neto, estudos mostram que 75% dos daltônicos têm dificuldade para enxergar a cor verde (deuteranopia), 24% a cor vermelha (protanopia) e 1% a cor azul (tritanopia).
Teste de Ishihara no exame de CNH não é obrigatório
O especialista afirma que resolução 80/98 do Código de Transito Brasileiro prevê que o candidato à CNH deve distinguir as cores do semáforo - verde, amarelo e vermelho - mas não especifica o tipo de teste de visão de cores a ser aplicado, nem exige o diagnóstico negativo de daltonismo.
Medidas para melhorar a visibilidade no trânsito
Neto diz que medidas para melhorar a visibilidade do daltônico no trânsito devem considerar às características da visão deste grupo. As principais são: maior visão de contraste, sinalização viária com materiais reflexivos que melhoram a visão noturna, visão de brilho acentuadas, invés de semáforos a led que emitem muita luminosidade, contorno com led em cada cor, maior percepção de texturas e vidros de diferentes texturas para cada cor do semáforo.
O especialista chama a atenção para as placas de sinalização viária que não seguem os padrões de cor estabelecidos pelo Código de Trânsito Brasileiro e dobram o risco de acidentes.