O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), confirmou 25 mortos e dez desaparecidos em consequência das chuvas no Estado. Ele pediu aos moradores que não saiam de casa ou dos lugares onde se encontram e evitem transitar pelas ruas. "Está chovendo no Rio em um dia o que chove em um mês", afirmou. Ele disse que "possivelmente" decretará estado de emergência.
"Como disse o prefeito Eduardo Paes, as pessoas não devem sair de casa e os que não estão conseguindo chegar ao trabalho devem ter calma. O momento é sério, momento de ter serenidade", afirmou Cabral, ao chegar ao hotel Copacabana Palace, zona sul da capital fluminense, onde tem, pela manhã, um rápido encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Cabral, é importante manter as vias públicas livres para o trabalho da Defesa Civil e de outros órgãos que atuam no resgate de pessoas atingidas. Ao contrário do que estava previsto, ele não vai acompanhar o presidente em reunião que acontecerá ainda pela manhã na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O governador disse que continuará em contato com as autoridades estaduais responsáveis pelo atendimento das famílias atingidas.
Além da capital do Estado, disse o governador, a situação é grave em municípios como Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e parte da Região dos Lagos. Cabral confirmou também que, no sistema ferroviário, o ramal de Saracuruna está parado desde ontem por conta de alagamentos. "O procedimento deve ser o mesmo que acontece em tantas cidades onde há calor excessivo ou nevascas e grandes tempestades."
Temporal
O temporal que cai sobre o Rio de Janeiro desde o fim da tarde da segunda-feira (5) leva o caos à cidade na manhã desta terça.
Pelo menos oito pessoas morreram em deslizamentos de terra nos morros da do Borel, Turano e Macacos, todos na zona norte da cidade. De acordo com a Defesa Civil, entre as vítimas estão um bebê de 5 meses e um criança de 9 anos. Outras cinco pessoas ficaram feridas em desabamentos e dez estão desaparecidas.
A chuva está sendo considerada a mais forte dos últimos 30 anos na cidade. "A situação é crítica. São vias muito alagadas e paradas. A orientação para as pessoas é que não saiam de casa e evitem deslocamentos", disse por telefone o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
A Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul, transbordou e inundou as pistas em seu entorno. A Praça da Bandeira alagou logo no início do temporal e cobriu diversos carros que estavam no local ou que tentavam cruzar a região.
A rua Jardim Botânico, na zona sul, e vias adjacentes também estavam totalmente alagadas.
Equipes de apoio e resgate da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros encontravam dificuldades para chegar a locais de maior risco. Havia várias informações de deslizamentos de terra em toda a capital fluminense.
A ponte Rio-Niterói e os aeroportos operam de forma precária. "Está tudo parado há muitas horas. Demorei horas para pegar um ônibus aqui na Baixada Fluminense, e quando acessamos a ponte, parou de vez. Já liguei para o meu patrão e avisei que hoje não dá para trabalhar", disse a faxineira Zumira Santos.
O temporal derrubou árvores e comprometeu o abastecimento de energia em vários pontos da cidade. Não há previsão de normalização no fornecimento em alguns bairros.
Diante da forte chuva, as aulas nas escolas do Rio foram suspensas nesta terça-feira. O Tribunal de Justiça do Estado também cancelou todas as audiências marcadas para os fóruns da cidade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a visita que faria ao Complexo do Alemão, onde inauguraria obras do Programa de Aceleração do Crescimento na comunidade.
>> Atualizado às 11h05