Brasil

Caseiro é preso por suspeita de participação na morte de coronel da Ditadura

29 abr 2014 às 14:06

Policiais da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense prenderam hoje (29) Rogério Pires, caseiro do sítio onde morreu o coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, 76 anos, na semana passada. De acordo com a Polícia Civil, Rogério foi preso logo após prestar depoimento na especializada. Contra ele foi cumprido mandado de prisão temporária, expedido pela Justiça, pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte).

Em depoimento, Rogério confessou ter participado do crime, ocorrido na última quinta-feira (24), no sítio do coronel, na área rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, depois que a polícia identificou várias contradições entre o primeiro depoimento prestado na última sexta-feira (25), após o crime, e o depoimento de hoje .


A morte do militar, ocorrida durante invasão ao imóvel rural, no entanto, pode ter sido por infarto, segundo documento emitido para o sepultamento.


Não foram divulgados pela polícia detalhes sobre as informações do depoimento que explicam como ocorreu a morte de Malhães. Ontem, Rogério e a viúva do militar, Cristina Batista Malhães, foram ouvidos na delegacia. Além deles, três filhos do coronel também prestaram depoimento.


Em interrogatório prestado à Comissão Nacional da Verdade no dia 25 do mês passado, Malhães, que atuava sob o codinome de Pablo, confessou crimes cometidos na chamada Casa da Morte de Petrópolis - um dos centros de tortura do regime militar. Por isso, a entidade teme que possa ter havido crime de vingança. O coronel disse no dia que não revelaria nomes de companheiros porque implicaria "uma série de outra sanções". Ao ser questionado se essas sanções seriam vingança, ele responde afirmativamente. "Não em mim, nos meus filhos".

No testemunho à Comissão da Verdade, Malhães deu sua versão sobre a operação do Exército para desaparecer com os restos mortais do deputado federal Rubens Paiva. Informou também que agentes do CIE mutilavam corpos de vítimas da repressão assassinadas em Petrópolis, arrancando suas arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir a identificação. Movimentos sociais e entidades governamentais querem a criação de um centro de memória no local da antiga Casa da Morte.


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