Brasil

Buscas fracassam e fuga de criminoso de hospital do Rio completa um mês

19 jul 2016 às 08:37

O resgate de Nicolas Labre Pereira de Jesus do Hospital Municipal Souza Aguiar completa um mês nesta terça-feira, 19, sem que a polícia tenha a localização do criminoso. Fat Family, como é conhecido, tem 28 anos, 140 quilos e fugiu com uma bala alojada no rosto. Mesmo assim, a polícia não conseguiu encontrá-lo, apesar de megaoperações diárias que vêm sendo feitas em favelas desde a fuga.

As imagens das câmeras de segurança do hospital, que poderiam ajudar na identificação dos bandidos envolvidos no resgate, pouco auxiliaram as investigações, segundo o delegado Fábio Cardoso, da Divisão de Homicídios. Elas mostram cinco criminosos, usando toucas, libertando o homem e correndo pelos corredores do local, que é referência para atendimento na Olimpíada nas regiões do centro e parte da zona norte.


"Como não mostram os rostos dos bandidos, não contribuíram muito. Nas imagens, só Fat Family aparece sem touca. E, diga-se de passagem, parece estar bem, porque é um dos que mais correm e ainda coordena o caminho a ser seguido pelo grupo. Ainda estamos investigando o caso e não é possível dar detalhes para não prejudicar o trabalho", disse o delegado.


Durante o resgate, houve troca de tiros entre os cerca de 25 criminosos e um PM que, fora de serviço, levava um amigo acidentado para atendimento médico. Ronaldo Luiz de Souza, de 35 anos, foi baleado e morreu no local. O policial Fábio Ferreira ficou ferido, assim como um funcionário do Souza Aguiar, Júlio César dos Santos, técnico em enfermagem.


A polícia chegou a informar que esteve muito perto de prender Fat Family durante operação na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, zona norte, em uma ação no dia 24. Investigadores localizaram o esconderijo do traficante, mas ele conseguiu escapar.


Estratégia


Com os sucessivos fracassos, a Polícia Militar reduziu as buscas ao homem. A corporação informou que, entre os dias 20 e 24 de junho, realizou operações com o objetivo de recapturar Fat Family em 50 favelas da região metropolitana do Rio. Após 25 de junho, "o objetivo das operações voltou a ser prender bandidos que cometem crimes de latrocínio contra policiais militares e cidadãos do Rio", informou a corporação em nota.


Ao todo, 27 batalhões da polícia e as unidades do Comando de Operações Especiais (COE) participaram das megaoperações, que chegaram a reunir centenas de policiais. Elas resultaram em 11 mortes, detenção de 113 suspeitos, apreensão de 20 menores de 18 anos, 34 armas, 316 veículos roubados e duas toneladas de drogas.


O resgate do traficante foi comemorado dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio. Em um áudio descoberto pelo juiz Eduardo Oberg, da Vara de Execuções Penais (VEP), bandidos exaltaram a ação. A notícia do resgate foi recebida na cadeia por Edson Pereira Firmino de Jesus, o Zaca, tio de Fat Family.


O foragido integra a facção criminosa Comando Vermelho (CV), do qual o seu irmão Marco Antonio Pereira Firmino da Silva, o My Thor, é um dos líderes. Ele está preso na penitenciária de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná.


Por causa do resgate e das comemorações na cadeia, Oberg determinou a transferência de 15 criminosos da facção para outros Estados, incluindo o tio de Fat Family.


Prisão


O traficante procurado havia sido preso por policiais civis da Delegacia de Combate às Drogas (Decod) e, na ocasião, houve confronto. O bandido levou um tiro na cabeça. Ele tinha assumido há pouco tempo o controle do tráfico no Morro Santo Amaro, no Catete, zona sul do Rio, tradicional reduto criminoso da família. Embora esteja ocupada por tropas da Força Nacional de Segurança desde 2012, a favela Santo Amaro é o principal ponto de consumo de crack na zona sul.


O bandido foi acusado pelo primeiro crime, um assassinato, quando tinha 15 anos. O caso foi registrado na 7ª Delegacia de Polícia, em Santa Teresa, região central do Rio. Ainda na adolescência, recebeu mais duas acusações por homicídio e uma por roubo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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