Brasil

Brasileiros são os que mais acreditam em fake news, diz pesquisa

02 out 2018 às 20:18

O Brasil é o país com o maior número de pessoas que já acreditaram em fake news. Foram 62% dos entrevistados, conforme a pesquisa Global Advisor: Fake News, Filter Bubbles, Post-Truth and Trust, do Instituto Ipsos, realizada com 19,2 mil entrevistados entre 22 de junho e 6 de julho. Seguidos pelos brasileiros estão os árabes e sul-coreanos, com 58%; peruanos e espanhóis, com 57%; chineses, com 56%; e em quinto lugar estão os suecos, indianos e poloneses, com 55% cada um.


No entanto, 68% dos brasileiros entrevistados afirmaram que sabem diferenciar o que é real do que é falso, número que contrasta com o fato que 62% admitiram que acreditaram em fake news. "Apesar da maioria confiar em sua própria capacidade de discernir fato de boato, o brasileiro não demonstra essa confiança quando questionado sobre a aptidão de seus compatriotas, já que 51% não concordam que o cidadão médio tenha essa compreensão. A verdade é que as pessoas sempre acham que fake news, pós-verdade e ‘filtro bolha’ são problemas dos outros e não delas. E isso é assim no Brasil e em todo o mundo", afirma Danilo Cersosimo, diretor de Opinião Pública na Ipsos.


Sobre a compreensão do termo "Fake News", a pesquisa identificou que 68% dos brasileiros declaram que são "histórias em que os fatos estão errados". O país é o segundo que mais possui esse entendimento, junto com a Itália e depois da Suécia. A segunda definição - a de que "são histórias em que os veículos de comunicação ou políticos só selecionam os fatos que sustentem seu lado do argumento" – foi respondida por 25% dos brasileiros, mesmo percentual dos japoneses. Outros 18% dos entrevistados locais acreditam que "é um termo que políticos e mídia usam para negar as notícias com as quais eles não concordam".


Por que nos enganamos tanto?


De acordo com Cersosimo, o levantamento mostra que, em se tratando de assuntos sobre níveis de imigração ou redução das taxas de criminalidade, a maioria das pessoas em todo mundo atribuem seus equívocos ao interesse de terceiros (políticos, mídia e redes sociais) em enganar o povo. "No Brasil, as pessoas ficam bem divididas entre essas percepções: 49% acreditam que essas fake news são criadas pelos políticos e 47% acham que são criadas pela mídia. Há ainda 37% que afirmam que as redes sociais são os maiores fontes de engodo sobre esses temas", detalha o executivo.


Quanto à possibilidade de as pessoas terem fatos incorretos sobre imigração e criminalidade é parcialmente atribuída a suas próprias falhas: 37% dos brasileiros admitem que possuem visões tendenciosas, preconceitos e foco em notícias negativas. Poucos acham que o engano pode ser causado por dados errados (14%) ou pela dificuldade das pessoas com números e estimativas (18%).

"A pesquisa mostra que houve uma redução na confiança nos políticos e um aumento do uso indevido dos fatos. Um ponto positivo é que o conhecimento político das pessoas está se mantendo", pontua Cersosimo. O Brasil é o sexto país (64%) a acreditar que a quantidade de mentiras e utilização errada dos fatos na política e na mídia está maior do que há 30 anos. À sua frente, estão países como África do Sul (71%), Estados Unidos (69%), Suécia (68%), Peru (67%) e México (66%).


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