O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, disse nesta terça-feira (8) que irá se engajar pessoalmente na negociação do reajuste salarial de juízes e servidores do Judiciário. "Vou ter que sair a campo e discutir esse assunto de modo focado com a classe política brasileira", disse o presidente, após deixar reunião com presidentes de tribunais superiores nesta noite.
Com semblante fechado, o ministro afirmou que os diagnósticos trazidos pelos presidentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Oreste Dalazen, são preocupantes. "Os cargos vêm perdendo a atraência e estamos vivendo um perigoso processo de desprofissionalização", observou o ministro.
Britto disse ainda que, desde que assumiu a presidência do STF, não fez qualquer contato com os demais poderes para tratar do assunto, mas que irá retomar as discussões o quanto antes. O tema salarial também foi abordado ontem pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para quem o STF deve fazer um "apelo" pelo reajuste.
Os juízes estão sem aumento desde 2009, quando receberam 8,8% em duas parcelas. No ano passado, queriam emplacar reajuste de cerca de 15%. Já os servidores estão com o salário congelado desde 2006, e nos últimos pleitos cobravam aumento de cerca de 50%. Atualmente o teto salarial do judiciário é R$ 26,7 mil mensais, o que corresponde ao máximo pago ao funcionalismo público.
No ano passado, a questão salarial provocou polêmica entre Judiciário e Executivo, quando o governo cortou a proposta orçamentária do STF para 2012. Nela constava a previsão de reajustes para juízes e servidores, que resultariam em um impacto estimado em R$ 7,7 bilhões anuais.