Brasil

Aeroporto de Londrina é um dos que mais fecham no Brasil

30 mar 2013 às 10:05

Os aeroportos brasileiros fecharam 1.804 vezes no ano passado, uma média de quase cinco fechamentos por dia. Eles ocorrem quando os pilotos não têm condições mínimas para pousos e decolagens, seja por instrumentos ou por meio visual. Os principais motivos são meteorológicos: chuva, nevoeiro e vento.

O aeroporto que fechou mais vezes foi Joinville (SC), com 163 vezes. Congonhas fechou 34. A maior parte das ocorrências foi registrada nos primeiros meses do ano, período de chuvas. Por meio da Lei de Acesso à Informação, o Estado obteve cópia parcial dos relatórios de 2012 do Núcleo de Acompanhamento e Gestão Operacional (Nago), vinculado à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Os documentos sintetizam os principais acontecimentos dos aeroportos brasileiros, como atrasos de voos, cancelamentos e as ocorrências meteorológicas que resultaram em fechamento.


Segundo os dados, os principais aeroportos de São Paulo registraram 56 ocorrências de fechamento. Guarulhos registrou sete ocorrências. São José dos Campos, 15. São José é um dos principais aeroportos regionais do País. Ele integra o plano de investimentos do governo federal para a aviação civil, lançado no fim de 2012. Contudo, grande parte desses aeroportos ainda não tem infraestrutura adequada, como radares e outros equipamentos de segurança.


Investimentos


Para driblar fenômenos naturais adversos em aeroportos, equipamentos de não precisão e de precisão podem ser usados no auxílio de pouso e decolagem. Os instrumentos, segundo a Infraero, estão disponíveis em 28 aeroportos. Os relatórios do Nago sintetizam dados de 58 aeroportos.


Dos dez aeroportos que mais fecharam no ano passado, cinco não têm instrumentos desse tipo. São eles: Foz do Iguaçu, que fechou 94 vezes no ano passado; Londrina, que registrou 95 ocorrências; Navegantes, com 117; Uberlândia, com 129; e Joinville. No Brasil, são usados os equipamentos ILS e Localizer.


Segundo a Infraero, a existência de equipamentos de precisão nos aeroportos não garante pouso e/ou decolagem, uma vez que esses procedimentos podem sofrer interferência de fenômenos meteorológicos. O órgão destaca ainda que tanto o piloto quanto a aeronave precisam estar habilitados para operar com os instrumentos.


Em nota, a Infraero afirma que investiu R$ 2,9 milhões na infraestrutura de instalação do ILS em Joinville e R$ 22 milhões na instalação de novos equipamentos em Brasília, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e Foz do Iguaçu. A previsão para a conclusão é 2014 - Foz já está pronto. Também estão sendo investidos R$14 milhões em equipamentos em 22 aeroportos, que devem ser entregues em 2015.


O perito em aviação Roberto Peterka considera que o ideal seria que todos os aeroportos e aviões contassem com aparelhos capazes de controlar pousos e decolagens mesmo com nenhuma visibilidade, mas que isso depende da demanda e da viabilidade econômica da instalação desse tipo de equipamento. "Tudo é uma questão de necessidade. Conforme vão aparecendo os problemas, a tecnologia é implementada. Até algum tempo atrás, mesmo Guarulhos fechava com nevoeiro. Quando o custo-benefício é favorável, implementa-se", disse Perterka.


Na comparação com aeroportos dos Estados Unidos, por exemplo, o Brasil sai perdendo. "Essa é a nossa condição. Se pegar outros países, há muito mais equipamentos que permitem esse tipo de operação. Nos grandes aeroportos dos Estados Unidos, você pousa com qualquer tempo, desde que avião tenha condições." O perito recomenda a instalação em Joinville de equipamentos que permitam pousos com visibilidade zero. "É necessário, mesmo que fosse menor o número de fechamentos. Agora, mais uma vez, tem de pesar o valor do investimento e o retorno disso."


Movimentos

No ano passado, conforme o Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea), os principais aeroportos brasileiros registraram 2,4 milhões de voos entre aviação regular, que são as linhas aéreas, geral e militar. Guarulhos é hoje o terminal mais movimentado. Em 2012, foram 279 mil voos, sendo 252 mil só de voos regulares. Em segundo lugar está Congonhas, com 213,6 mil operações, quase 9% de todos os voos do País. Nenhum representante do Decea foi localizado para comentar os dados, nem de fechamentos nem de movimentação.


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