A aeronave que caiu no centro de Gramado, no Rio Grande do Sul, na manhã deste domingo (22), entrou em uma nuvem assim que decolou do aeroporto de Canela, segundo Marcelo Sulzbach, presidente do aeroclube da cidade gaúcha.
Ele diz que o aeródromo é usado por aviões de pequeno porte, mas não é controlado, ou seja, não possui torre de comando.
"O avião decolou normalmente sem nenhuma anormalidade, exceto pela questão meteorológica. Bem na hora que decolou, estava vindo um banco de nevoeiro. Ele tirou o avião do chão e entrou na nuvem", diz Sulzbach, presidente do aeroclube de Canela, que reúne adeptos da aviação da região e que atua no aeroporto.
Segundo ele, pelo regulamento de tráfego aéreo, só é permitido decolar em Canela por condições de voos visuais.
"Tem que ter 5.000 metros de visibilidade horizontal e pelo menos mil pés de teto. Extraoficialmente, posso dizer que o aeroporto estava abaixo desses níveis", afirmou.
A aeronave, um turbohélice, matrícula PR-NDN, é da fabricante Piper Aircraft, modelo PA-42-1000, fabricado em 1990, com capacidade para nove pessoas. Está com o registro em dia e não tem permissão para táxi aéreo.
Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), não há sobreviventes -preliminarmente, a Defesa Civil informou que o avião transportava nove passageiros. Ao menos 15 pessoas foram levadas a hospitais da região, a maioria por inalar fumaça -duas estão em estado grave.
O capitão do Corpo de Bombeiros, Pedro Henrique Costa, afirmou à Rádio Gaúcha que a aeronave, ao cair, bateu contra um prédio, atingiu uma casa, uma loja de móveis e os destroços teriam caído em uma pousada.
Segundo a Infraero, a aeronave levantou voo às 9h15 e seguiria para Jundiaí, no interior de São Paulo. A aeronave está registrada em propriedade do empresário Luiz Claudio Galeazzi. Não há informações se ele estava na aeronave.
O Corpo de Bombeiros atua no local, que ficou tomado por destroços.
O tempo está instável no local, com chuva e névoa, mas ainda não há informações sobre as possíveis causas do acidente.
A FAB informou em nota que investigadores do órgão regional do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), localizado em Canoas (RS), foram acionados para realizar uma ação inicial envolvendo uma aeronave de matrícula PR-NDN.
"Na ação inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação", explica a FAB.
O governador do RS, Eduardo Leite, foi até o local do acidente, onde deu entrevista à imprensa no final da manhã. Sobre as vítimas da aeronave, ele disse que "devem ser nove pessoas, mas ainda não há uma clareza".
Em relação às pessoas que estavam na aeronave, ele repetiu que não deve ter sobreviventes, em função das condições do acidente. "A aeronave, infelizmente, toda condição que se observa, não permite que se cogite qualquer sobrevivente", disse ele.
Também disse que duas pessoas que estavam em locais atingidos pelos destroços e pelo fogo estão em hospitais em estado grave.
Sobre o acidente e as condições do tempo, Leite acrescentou que "os primeiros relatos dão conta de uma condição que, em princípio, não ensejaria a decolagem, mas isso precisa ser devidamente apurado".
O governador disse que se solidariza com as famílias das vítimas e que "a prioridade é garantir o isolamento da área e atender as vítimas que sofreram ferimentos".