Voz Ativa

Voto facultativo ou voto obrigatório

27 ago 2010 às 22:30

Li numa revista um artigo que dizia que o voto obrigatório fere os princípios democráticos, que garantem liberdade de escolha, conforme a constituição. Acho que a pessoa que escreveu isso tem razão sim, mas ao mesmo tempo eu me contradito por não ser a favor do voto facultativo, pois o grau de participação da população nos assuntos políticos sociais é muito pequeno. Caso o voto fosse facultativo, as pessoas teriam que aceitar decisões sem contestá-las, e embora isso fosse escolha delas mesmas, quantos não se aproveitariam? Digo aproveitar no sentido de que, a sociedade hoje está imersa de indivíduos maus. Quem se lembra do voto de cabresto, que hoje, nas condições que todos tem de participar da vida pública, ele ainda se faz de maneira psicológica?

Segundo as pesquisas Datafolha
O voto obrigatório divide o eleitorado: 48% dos entrevistados no país são favoráveis e 48% são contrários. O apoio ao voto facultativo cresceu. O levantamento anterior, de dezembro de 2008, registrara o recorde de 53% a favor da obrigatoriedade; 43% eram contra. Estabelecida na Constituição, a obrigação atinge os brasileiros alfabetizados dos 18 aos 70 anos de idade. Para analfabetos, maiores de 70 e os que têm entre 16 e 18 anos, o voto é facultativo. O Brasil é um dos 30 países em que o voto nas eleições nacionais é obrigatório. Dos entrevistados, 55% dizem que votariam se ele fosse facultativo; 44% optariam por não votar.
Para o cientista político Fabiano Santos, professor do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e favorável ao voto obrigatório no Brasil, o Datafolha confirma a teoria.
"O voto facultativo não é neutro do ponto de vista de quem deixa de votar. São as pessoas menos favorecidas que se afastam das urnas. Há uma exclusão das camadas mais pobres, mas deve haver pluralidade nas eleições."
David Fleischer, professor emérito de ciência política da Universidade de Brasília e contrário à obrigatoriedade, discorda dessa tese. Para ele, o voto facultativo pode melhorar a qualidade do pleito.
"Se não fosse obrigação, o voto seria mais pensado. Hoje em dia, o cidadão que vai às urnas acaba votando em uma pessoa cujas propostas nem conhece. Só vota porque é um dever, e não porque pensou naquele voto."


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