LIXO ELETRONICO, QUAL A SOLUÇÃO?
E como a nossa conversa sobre lixo eletrônico já deu o que falar no blog, um leitor, que tem conhecimento no assunto, nos acrescenta esta informação.
Desde a emissão de um relatório da ONU em fevereiro do ano passado, sobre as problemáticas do lixo eletrônico no Brasil, as discussões sobre o assunto tem sido frequentes. Dependemos da tecnologia para nos comunicarmos e gerirmos os nossos negócios. O rápido avanço destes recursos e as facilidades que o mercado oferece para adquirí-los, resultam em uma geração de 0,5 kg p/ano de resíduos tecnológicos por pessoa no Brasil, segundo a ONU.
Diante disso, de que maneira podemos descartar equipamentos obsoletos ou em desuso?
Tratando-se de pessoa física, pode-se procurar fabricantes que já oferecem o serviço de logística reversa para seus produtos. Do contrário, é preciso aguardar a regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual estão incluídos os resíduos tecnológicos. Nela, os fabricantes entrarão como responsáveis, juntamente com comerciantes e consumidores.
Empresas ambientalmente responsáveis, procuram prestadores de serviço ambiental especializados na reciclagem destes resíduos, que através de seus processos reutilizam cada resíduo gerado na desmontagem dos equipamentos como matéria prima em outros ciclos industriais. Estes prestadores de serviço ainda são poucos.
Práticas como doação, entre outras formas adotadas para descarte, atualmente tem sido analisadas por outra ótica.
A PNRS, traz no seu texto que a responsabilidade do destino final dos resíduos é do gerador, o qual somente se isentará de obrigações no momento que forem reutilizados como matéria prima (quando o plástico do teclado virar salto de sapato, por exemplo). O Decreto FEPAM (órgão ambiental do RS) 38.356/1998, traz o mesmo texto.
A fim de evitar que seus resíduos tomem destinos inadequados, muitas empresas que praticam doação tem recolhido seus equipamentos nas ONGs no término de suas vidas úteis, para que sejam encaminhados à empresas especializadas na reciclagem. Desta forma, aplicam a responsabilidade socioambiental e cumprem com sua obrigação diante da lei.
Será necessária uma grande quebra de cultura em nossa sociedade, para que estes resíduos sejam encarados como tal, e não como equipamentos velhos que podem ser repassados ou vendidos para quem os quiserem. Se tem a ilusão de que o manejo com estes materiais é simples, e que se pode ter retorno financeiro os descartando. O fato é que hoje, para reciclá-los, é necessária uma contrapartida financeira, do contrário é inviável.
Texto de Érico Pedro Scherer Neto - diretor comercial de uma empresa gerenciamento de resíduos tecnológicos.