Olá, ao longo desse mês da conscientização da Prematuridade teremos depoimentos de mamães guerreiras e de profissionais que cuidam desses pequeninos, porque um assunto com tamanha importância não caberia em um único texto. Vem conhecer a história da Paty, minha amiga desde a adolescência que viveu um milagre em sua vida e que agora vai compartilhar para você também acreditar e sempre ter fé.
Patrícia é mãe de duas meninas lindas. A Byanca de 18 anos e a Camila que veio para o mundo para me mostrar o quanto eu sou forte, o quanto minha fé pode sim remover montanhas e o quanto a oração com os joelhos no chão de uma mãe chega a Deus com tanto amor e fé. A Camila nasceu em 2017, com 29 semanas, 540 gramas, 28 cm e longos 140 dias de UTI.
Eu passei por uma cirurgia bariátrica quando eu estava de 6 semanas de gestação, não sabia que estava gravida. Fui descobrir a gestação já estava de 10 para 11 semanas, foi um susto um misto de medo, felicidade e agora? Passei 4 meses da minha gestação sem comer, só tomava água e suco de laranja, perdi 30 kg nesse período, no último mês de gestação os médicos falaram que se eu não fizesse um esforço para comer (como se não fizesse) a minha gestação seria interrompida "POIS O FETO NÃO ERA VIÁVEL”.
Aquilo para mim foi a pior coisa que eu poderia ouvir, tentei comer de tudo, mas no fim do mês emagreci mais e me internaram para induzir o parto. Camila nasceu dia 01/11 as 18:00 parada sem batimentos, mas como Deus é bom ela voltou sozinha, ela já teve todas as complicações que um neném prematuro tem na UTI, hemorragia pulmonar, nos olhos, no cérebro, hidrocefalia (todos grau 1 e absorvidos) atelectasia, enterocolite, sepse (2 vezes) paradas respiratória e cardíacas, ficou 40 dias intubada 10 CPAP nasal e quase 2 anos o O².
Ela já fez 19 transfusões de sangue, sua pele era tão sensível que assim que ela nasceu colocaram um esparadrapo normal no seu bracinho para colocar acesso e quando tiraram foi arrancada com a sua pele, na perna esquerda teve um vazamento de NPT (Nutrição Parental Total) onde necrosou a perninha, tem cicatrizes de marca de agulhas pelo corpo todo, fez flebotomia, diversas PIC'S e acessos.
Ficamos 3 meses no canguru (não desgrudava dela nem por um minuto), colocou uma prótese no coração para fechar uma CIA, teve pneumonia infecciosa quando estava na UTI e depois que operou o coração ficou quase 2 meses internada com pneumonia. Hoje ela está com paralisia ocular superior, faz fisioterapia motora, respiratória, terapia ocupacional e fonoaudiologia.
Tem diagnóstico de bronco displasia e cardiopatia congênita. No dia 01/11/2020 completou 3 anos, meu verdadeiro MILAGRE. Eu sempre pedia para Deus que ele deixasse ela comigo que eu seria a melhor mãe do mundo (juro que tento todos os dias). Ele ouviu minhas preces. Ela ainda não fala, anda com certas dificuldades, continua me dando vários sustos. Pesa menos de 10 kg, mas eu posso dizer que eu sou a mãe mais feliz desse mundo inteiro. Agradeço a Deus por ela ter nascido no HC por ele providenciar anjos que não mediram recursos, esforços e amor por salvar a vida da minha pequena.
Segundo estudos o trauma de ser mãe de UTI Neo é comparado ao mesmo stress pós-traumático de um soldado de guerra. Temos medo do ar, da chuva, do vento e do sol. Temos um nó na garganta que nunca sai e cada vez que lembramos de qualquer momento que vivemos nossos olhos se enchem de lágrimas. Eu nunca imaginei que uma mãe pudesse entrar em um hospital com seu bebe no seu ventre e sair sem ele, pois eu saí, é uma dor que eu não sei como explicar, você receber alta e ter que deixar um pedacinho de você para trás.
Eu acho que eu nunca terei a resposta para entender porque isso tem que acontece. A mãe de UTI precisa ser abraçada, tem que dar atenção a ela, tem que lembrar que ela tem que comer, descansar, dormir se cuidar. Nós nunca mais seremos a mesma.
Só quem vive uma história como essa para entender que existe milagre, fé e muito amor.
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Marjorie Ostrowski
Beijos e até a próxima