A página em branco é, para o escritor, o porvir, a terra da promissão. Como a mata e novos territórios para o pioneiro. Ambos, escritores e pioneiros, são tomados pelo impulso de desbravar, "con la esperanza adelante con los recuerdos atrás", como diz a bela canção do argentino Atahualpa Yupanqui. Talvez por isso, o enfrentamento de lugares desconhecidos, sagas de famílias e suas lutas contra as adversidades são temas recorrentes nos romances. Os dramas individuais e as relações dos personagens com o mundo em que vivem fazem o "recheio" fundamental das histórias bem contadas. E literatura é, em grande medida, uma história bem contada, emocionalmente envolvente, num laço profundamente humano entre o narrador (escritor) e o leitor. Se não emocionar, não fizer vibrar cordas escondidas em nós mesmos, torna-se ensaio, tratado ou outro gênero de escrita.
Na Europa da antiguidade o símbolo maior do mundo a conhecer era o mar. No novo mundo, eram as matas e os rios. Ao mar aberto, ao além mar, para os portugueses. Para nós, latino americanos, ao interior, ao "sertão," palavra cujo significado abrange um lugar ao longe. No caso, longe do mar. Não é coincidência que na literatura brasileira o sertão seja tão onipresente, principalmente nos autores da metade do século passado. Seja nas paginas do mundo encantado do Guimarães Rosa, na exuberância de Euclides da Cunha ou na secura da terra e do homem do Graciliano. Paulo Honório de "São Bernardo" tem uma alma tão trancada e seca como a caatinga.
Na essência da literatura há essa busca pelo mundo afora ou pelo mundo adentro, viagens ao interior dos lugares, ao interior de nós mesmos. Quase que uma referencia ao lema dos românticos alemães que conclamavam os poetas à aventura da vida: "Tempestade e ímpeto" diziam no final do século XVIII. "Filósofos, às naus!" dizia Nietzche. Em outras palavras, dispam-se da razão e atirem-se ao desconhecido. Ao mar aberto e aos labirintos do espírito. Desbravem! Sejam trágicos!
Essa é a alma do oficio. Atirar-se à pagina em branco, descrever os sítios desconhecidos da nossa condição humana, descrever monstros, iluminar cavernas, abrir clareiras.
Desse pântano obscuro nascem a flores mais belas.
Na Europa da antiguidade o símbolo maior do mundo a conhecer era o mar. No novo mundo, eram as matas e os rios. Ao mar aberto, ao além mar, para os portugueses. Para nós, latino americanos, ao interior, ao "sertão," palavra cujo significado abrange um lugar ao longe. No caso, longe do mar. Não é coincidência que na literatura brasileira o sertão seja tão onipresente, principalmente nos autores da metade do século passado. Seja nas paginas do mundo encantado do Guimarães Rosa, na exuberância de Euclides da Cunha ou na secura da terra e do homem do Graciliano. Paulo Honório de "São Bernardo" tem uma alma tão trancada e seca como a caatinga.
Na essência da literatura há essa busca pelo mundo afora ou pelo mundo adentro, viagens ao interior dos lugares, ao interior de nós mesmos. Quase que uma referencia ao lema dos românticos alemães que conclamavam os poetas à aventura da vida: "Tempestade e ímpeto" diziam no final do século XVIII. "Filósofos, às naus!" dizia Nietzche. Em outras palavras, dispam-se da razão e atirem-se ao desconhecido. Ao mar aberto e aos labirintos do espírito. Desbravem! Sejam trágicos!
Essa é a alma do oficio. Atirar-se à pagina em branco, descrever os sítios desconhecidos da nossa condição humana, descrever monstros, iluminar cavernas, abrir clareiras.
Desse pântano obscuro nascem a flores mais belas.