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Geração Z vive online e quer inovação

15 ago 2011 às 14:39

LUCIELE VELLUTO

Na casa da família Araujo, tudo o que os garotos Pedro, de 16 anos, Heitor, de 10, e
Renan, de 8, decidem comprar é pesquisado na internet, onde eles buscam
informações em sites especializados, redes sociais e nas comunidades das quais
participam. O preço é importante, a marca também, mas mais do que isso, o produto
precisa ser bem avaliado na web por amigos ou outros consumidores que já tenham
tido contato com aquela mercadoria.


"Eles já vêm com a opinião formada se aquilo presta ou não, se é legal ou não. O
acesso à informação faz muita diferença para eles, o que não havia na minha geração",
avalia a pedagoga Edilene Araujo, de 43 anos, mãe dos três meninos, ao comparar as
diferenças entre o consumidor da sua faixa etária, com a dos seus filhos e os hábitos
de consumo construídos pelas duas gerações.


Na família Araujo, o pai Valter e a mãe Edilene ajudam os filhos a se tornarem
consumidores conscientes Pedro, Heitor e Renan fazem parte da chamada geração Z,
que tem como marco o início da popularização da internet, ocorrida na metade dos
anos 90 em diante.


"Eles são nativos digitais. É o público acostumado a zapear, fazer várias coisas ao
mesmo tempo e se informar. Eles têm uma cabeça funcionado como um hiperlink, que
os leva a várias informações, todas conectadas e de forma muito rápida. E por isso,
prender a atenção de alguém dessa geração é um desafio", explica Marcelo Sinelli,
consultor de marketing e vendas do Serviço Apoio Micro e Pequenas Empresas de São
Paulo (Sebrae-SP).


Para o micro e pequeno empreendedor, atingir esse público, que apesar de ser muito
jovem já tem opinião própria e influencia as escolhas dos pais, não é tarefa fácil.
"O empresário vai ter de atender aos desejos dessa geração, que não quer ser
conquistada, mas envolvida por um produto. Eles querem uma experiência e não só um
produto", diz Sinelli.


Mudam rápido
O diretor-presidente da empresa especializada em estudo de mercado GfK, Paulo
Carramenha, explica que pelas características desses jovens, eles são consumidores
que mudam de opinião muito rápido e são menos fiéis às marcas.


"O empreendedor vai ter de dar opções e ajudar esse consumidor a escolher o que
quer. Tem de ser ágil no atendimento, não deve fazer esse público se sentir preso a
um produto ou marca", explica.


A personalização de produtos pode ser uma boa saída, tanto para oferecer inovação
como exclusividade para esse segmento. "O que pode aproximá-lo da empresa ou do
produto é a interação. Eles querem dar opinião, fazer parte da criação do produto",
afirma o presidente da GFK.


A coordenadora do núcleo de empreendedorismo da ESPM, Rose Mary Almeida Lopes,
afirma que outra forma de atrair esse consumidor é sempre oferecer novidades. "Eles
são ávidos pelo que é novo. A marca tem que agregar inovação. Pois como o tempo
para eles passa mais rápido, tudo para esse público é passageiro, mais do que para
outras gerações. Isso está muito ligado ao fato de eles terem nascido se relacionando
com a tecnologia", diz.


Internet


Um investimento que não pode deixar de ser feito pelo empreendedor é marcar
presença na internet, com sites, blogs e redes sociais. Como esse consumidor gosta de
interação, ele vai visitar a empresa virtualmente para conhecer mais o produto e saber
o que a companhia faz. E, se gostar, ele vai indicar para os amigos.


Porém, há um detalhe sobre a geração Z constatado pelos especialistas e confirmado
por Edilene no dia a dia com os filhos. Com tantas informações acessíveis, falta
discernimento sobre o que é bom ou ruim.

"Eles ainda não têm esse critério. Por isso, o cuidado e a presença dos pais são
fundamentais na construção da personalidade desses consumidores", afirma a
pedagoga.


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