ABRAHAM SHAPIRO
Semanas atrás, li um artigo num jornal de negócios que abordava casos malsucedidos
de coaching em que executivos saíram do processo piores do que entraram. Situações
como estas derspertam uma dúvida: "Se o coaching é uma ferramenta tão poderosa de
gestão de pessoas, como isso pode acontecer?"
A resposta é simples. O coaching sofreu uma banalização nos últimos anos por conta
do crescimento da oferta. Aventureiros que surfam a onda da moda vendem o coaching
como a solução milagrosa para todos os problemas de recursos humanos. Mas não é
bem assim.
Existem situações em que o coaching simplesmente não é a melhor alternativa.
Cito uma delas. Coaching não se aplica a avaliação de desempenho de executivos. Há
outras ferramentas mais adequadas para este fim. O objetivo específico do coaching é
a melhoria de desempenho porque definitivamente ele não se aplica a avaliar
profissionais.
Coaching não é bem o que as pessoas imaginam que seja. Caso exista em relação a
este importante recurso de desenvolvimento de pessoas uma ressalva do tipo "O
MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE", ela seria: "Em caso de não comprometimento e
dedicação por parte do executivo, os resultados esperados não serão atingidos". Para
isso, ele deve estar aberto para receber feedbacks, admitir vulnerabilidades, identificar
pontos de melhoria e, o mais difícil, sair da sua zona de conforto.
Coaching também não é indicado como a "última salvação" para um profissional
prestes a ser demitido. Este é um grave erro. Coach não faz mágica! Na maior parte
das vezes a decisão de corte do profissional já está tomada. O coaching servirá
apenas para justificar a demissão do executivo. Portanto, um uso jamais indicado.
O coaching é, de fato, uma ferramenta fantástica de melhoria de desempenho de
pessoas e organizações. É capaz de conectar as necessidades individuais às
necessidades profissionais e promover mudanças. Conduzido de modo incorreto,
executivos e empresas podem sofrer danos irreparáveis.
É claro que qualquer processo de desenvolvimento humano nas empresas, quando
malconduzido, certamente não atenderá as expectativas. O resultado é a frustração –
tanto para o indivíduo como para a empresa. Com o coaching, não é diferente.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua
filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos:
[email protected] ou (43) 8814 1473