Ouço muito de algumas empresas que a mão de obra não chega bem qualificada ao mercado de trabalho . Escuto que as companhias tem de investir muito tempo na formação para que o profissional recém formado consiga desempenhar bem. Obviamente essa não é uma unanimidade mas é uma reclamação recorrente .
Tenho que confessar que essas afirmações me deixam um tanto quanto incomodado . Já explico porque. Antes, gostaria de passar qual é a minha visão do papel das universidades e complemento o meu raciocínio.
Além de contribuir para pesquisas em diversas áreas, a universidade, a meu ver, tem como o mais importante papel formar o profissional para o mercado. Seja ele que mercado for, público, privado, ONGs, etc . Considerando isso, a formação do estudante tem de estar alinhada ao mercado de trabalho contemporâneo. No final do curso então o aluno deveria , como analogia, ser um produto que passou por uma transformação na universidade e está pronto para o mercado, neste caso o mercado de trabalho. Por consequência é fácil chegar a conclusão que a academia não vive sem o mercado e vice e versa (pelo menos deveria ser assim).
Então, completando meu racicínio anterior, fico incomodado com as empresas que reclamam da má formação pois o óbvio neste caso é que nós, as empresas, ajudemos as universidades demonstrando o que o mercado precisa. Não só demonstrar mas também ajudar a construir as grades, os currículos, as disciplinas, pois, afinal de contas , aquele aluno terá de atuar no nosso mercado. Ao invés de nós empresas só reclamarmos, vamos às universidades e as ajudamos a desenvolver esse aluno . Garanto a vocês que a grande maioria da academia está não só super abertas para isso, como também, solicitam essa aproximação das empresas e muitas vezes esse pedido não tem eco.
Prova disso, foi um projeto super legal que fizemos aqui com a PUC Londrina, univesidade que nos deu total abertura e eu os agradeço por isso.
Demos a 60 alunos dos cursos de Engenharia de Produção, Administração e Contábeis um desafio de nosso mercado farmacêutico , dividimos com eles informações, fizemos mentoria e passamos um pouco de nosso conhecimento. Ao final eles apresentaram soluções para uma banca formada de diretores e gerentes de nossa empresa. Foi o desafio PUC & Sandoz.
O resultado foi muito bom, pois pudemos contribuir com o desenvolvimento dos alunos, com um desafio real em que eles puderam propor soluções implementáveis pela a empresa .Pudemos ainda observar a desenvoltura de futuros profissionais em apresentar um assunto complexo, porém em um ambiente controlado, ou seja, nesse desafio eles tiveram mais chances para errar , coisa que nem sempre acontece no mercado. Para mim ,pessoalmente, o que valia no final não era somente o melhor projeto e sim o que eles aprenderam com essa experiência.
Coisas como essa não são difíceis de serem implementadas, dependem muito mais de empenho do que de dinheiro . Dependem também de uma visão mais a longo prazo por parte das empresas e universidades. Acho que se nós, como empresas , dedicássemos um pouquinho de tempo a essa aproximação, teríamos profissionais chegando ao mercado mais bem preparados. Além do que a relação com as universidades ficaria muito mais aberta a novas ideias além de termos estudantes mais motivados, interessados e engajados em seus cursos. Resumindo, faríamos um ciclo positivo acontecer.
No passado, em minha época de aluno, gostaria que tivessem feito isso por mim, por isso entendo que eu deva fazer diferente no presente e no futuro. Acho que vale a pena...
Ah! A equipe vencedora do desafio veio aqui na empresa hoje e nós os reconhecemos frente a todos os funcionários da fábrica