Se existe Hebe Camargo como rainha, o par dela na história da televisão brasileira atende pelo nome de Silvio Santos. O ex-camelô que fez fama e fortuna nunca foi empregado de ninguém. No princípio, comprava horários para fazer o programa. Astuto como ninguém e muito hábil nos negócios, fez das colegas de auditório, as principais compradoras dos carnês do Baú da Felicidade. E com a grana, foi comprando concessões até montar o SBT, numa dissidência da extinta TV Tupi.
Durante muitos anos incomodou a Globo, mas já faz mais de dois anos que perdeu a vice-liderança para a Record e caminha a passos largos para ser a quarta emissora em audiência, atrás da Band. Mas talvez, no coração das pessoas, ele ocupe o primeiro lugar disparado. Faustão, Gugu, Ratinho, Rodrigo Faro até tentam. Mas estão longe do mestre.
Mestre que é grosseiro, esnobe, até mesmo humilha as pessoas que participam do programa. Carla Perez pode simbolizar isso com bastante distinção. Ainda que não seja um gentleman no palco, fora dele é visto como um empresário sério. Mesmo no recente caso do golpe do Banco Pan Americano, não hesitou em colocar todos os bens como garantia do empréstimo de 2,5 bilhões de reais. Já foi considerado o maior pagador de impostos do Brasil. Recusa-se a vender qualquer uma das empresas que tem, se o comprador não se comprometer a manter todos os funcionários empregados. Dizem que o carisma dele é tanto, que muita gente tem comprado mais carnê do Baú só pra ajudá-lo.
Por todas as razões, sou fã número um de Silvio Santos. E comemorar 80 anos é um presente para quem gosta de televisão.