Manoel Carlos é, para mim, o melhor autor de novelas do Brasil. Ele consegue escrever tramas com personagens verossímeis, próximos do nosso cotidiano. Em certos momentos, parece até que são nossos parentes. Na última trama dele, Páginas da Vida, eram personagens demais e muitos assuntos ficaram apenas na superfície. Mas ele sabe como ninguém envolver as pessoas.
As tramas sempre começam com cena bem triviais. De Regina Duarte fazendo a feira (em História de Amor) ou brigando no trânsito (em Páginas da Vida) à Christiane Torloni tomando café com as irmãs (em Mulheres Apaixonadas) ou Vera Fischer também circulando no trânsito do Rio de Janeiro (em Laços de Família). Tudo parece fazer parte da vida da gente.
Nas novelas de Maneco, nada de concessões poéticas. Os personagens saem de casa, se despedem da empregada, encontram os vizinhos no hall, entram no elevador, passam pela portaria. Tem horas até que incomoda porque não acrescenta nada à história. Mas certamente passa a sensação de que a vida de qualquer um de nós daria uma novela.
O tema central de Viver a Vida será a superação, nas mais variadas situações: vício em bebidas, tetraplegia, separação, desemprego, a abreviação da dor antes da morte. Os temas são fortes e serão temperados com a beleza de um elenco que reúne grandes nomes da TV com apostas que vêm do teatro e da oficina de atores da Globo, além de belos cenários no exterior (Jordânia, Paris) e Rio de Janeiro e Búzio. Sucesso ou não, não vou perder um capítulo.