Vai ao ar hoje à noite, em Passione, o momento em que Totó entregará Clara, o grande amor da vida dele, à polícia. Certo é que a cena deve ser bem bonita, já que são dois excelentes atores que vão se entregar de corpo e alma ao trabalho. Tudo bem que Clara é a grande vilã, que fez tudo de caso pensado. Mas gostaria de refletir sobre os relacionamentos darem certo ou não.
Depois de ficar viúvo, Totó viveu para os filhos. Até que, no meio do nada, surge aquela menina de jeito angelical que podia ser filha dele. Caiu como um patinho. Apaixonado. As poucos, as mentiras e, principalmente, as diferenças foram se revelando.
Ao entregá-la à polícia, Totó estará agindo com a razão, já que Clara é uma bandida. Ainda assim, a decisão não fica mais simples para Totó. Será que um relacionamento de tantas diferenças teria alguma chance de dar certo, caso ela fosse uma pessoa do bem?
O fato concreto é que a maioria das pessoas deseja ter alguém pra chamar de seu. E arrisco a dizer que passam a vida à procura desse grande amor. Às vezes ele chega. Instala-se. Faz a cama. Todo começo de romance é lindo, seja na novela ou na vida real. O problema é o cotidiano. E talvez seja por isso que, ao atingir a tal felicidade, a novela precise acabar. É o desejo, a busca, que tudo movimenta.
Quando se é muito jovem, é comum imaginar a vida toda pela frente. As coisas, as decisões, as escolhas não precisam de urgência e o tempo sempre vai se encarregando de colocar tudo no devido lugar. Mas ao se entrar em anos, as perspectivas se modificam.
Já ouvi dizer que em toda a nossa vida, é provável que nos apaixonemos duas, três vezes. Alguns, porém, nunca saberão o que é este calor, este contentamento que muda a cor do dia. Que faz a gente ver balões coloridos no céu.
Será que são as similaridades que unem os casais? Ou será a admiração de um pelo outro? Até que ponto as diferenças de fato afastam e até que ponto elas aproximam? Rico com pobre, negro com branco, evangélico com espírita. Afinal, o que a gente pode fazer para que o amor da vida gente seja encontrado e fique conosco para sempre? Qual é a duração desse para sempre? Quanto devemos investir do nosso tempo, afeto, energia para que as coisas dêem certo?
Talvez a resposta para cada uma dessas perguntas esteja no simples ato de viver, de querer relacionar-se, da vontade de se aproximar e se manter juntos. Cientes de que esta jornada amorosa terá muitos e muitos percalços. Aos que resistirem, talvez a vida retribua com muitos momentos de felicidade.
É sempre uma aposta. Certeza nunca haverá. Ao encarar o desafio, talvez a vida faça muito mais sentido.