A coluna Outro Canal, publicada na Folha de S. Paulo, apresentou ontem números de uma pesquisa inédita. De acordo com o levantamento, nos últimos quatro anos, a audiência de aparelhos de DVD, videogames, circuitos internos de TV e computadores conectados a televisores aumentou 146%. Para se ter ideia, o crescimento de telespectadores dos canais pagos foi de 55,6% e a TV aberta, apenas 8,6%, em idêntico período.
Os números comprovam o que os executivos das principais emissoras já sabiam, mas se negavam a acreditar: o interesse do espectador mudou. É por isso que se comemoram os atuais índices das novelas da Globo, para ficar apenas na principal emissora. Talvez ajudadas pelo frio e chuva dos últimos dias, Paraíso, Caras & Bocas e Caminho das Índias apresentam médias para soltar fogos de artifício. Na terça-feira, a novela das sete emplacou sensacionais 37 pontos de média em São Paulo. Isso representa quase 2 milhões e 300 mil residências na região da capital paulistana.
São esses mesmos números que estimulam os investimentos em novas plataformas de transmissão. E a tecnologia digital, já disponível em alguns programas da Rede Paranaense de Comunicação, em Curitiba, vai ampliar ainda mais esses horizontes. Algumas emissoras, Globo sempre à frente, já desenvolvem projetos e formatos exclusivos para celular, trens e metrôs.
O único senão disso tudo é que este crescimento não veio acompanhado de qualidade, criatividade, ousadia. Som & Fúria, cuja temporada foi encerrada na semana passada, ficou abaixo das expectativas de audiência. É certo que o horário de exibição trabalhou contra a excelente minissérie. Mas nem mesmo o desempenho dos atores, com a direção segura e o bom ritmo da obra, convenceu as pessoas a acompanhar as agruras da companhia de teatro especializada em montagens de Shakespeare.
Há que se refletir sobre a televisão que queremos. Embora não seja algo tão evidente, o público decide sim o que ver na telinha. E os executivos sabem disso, a ponto de mudar perfil de personagem de novela, tirar programa do ar, entre outras iniciativas que justifiquem o faturamento. Pense nisso quando sintonizar um canal.
MAIS DO MESMO
Começa hoje, na Globo, a quarta edição de No Limite. O programa incorporou a votação do público, como no Big Brother, e a julgar pelas chamadas – em que os competidores exaltam os atributos físicos – vem aí mais um festival de patetices ridículas. Talvez seja melhor aumentar os números das outras mídias citadas no texto anterior.
RISO AMARELO
Estreia amanhã, também na Globo, Decamerão, a comédia do sexo. O especial exibido no final do ano passado foi bem sem graça. Tomara que esta primeira temporada seja melhor.