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Janeiro Branco: Sem consciência não há vida digna

07 jan 2019 às 19:06

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Existe o Outubro Rosa, que alerta as mulheres sobre os perigos do câncer de mama, bem como as incentiva a cuidar-se de maneira apropriada. Há o Novembro Azul, que se atenta sobre o câncer de próstata, convocando os homens a serem mais conscientes com a própria saúde. São movimentos que visam chamar a atenção para questões de saúde que podem e devem ser tratadas para melhorar nossa qualidade de vida. Há seis anos há, também, o Janeiro Branco, que coloca em cena a questão da saúde mental que, geralmente, é tão esquecida e relegada a segundo plano.
Quando alguém quebra um braço ou perna todos reconhecem que se faz necessário cuidados adequados; se alguém desenvolve tumor ninguém duvida que tratamentos apropriados e específicos são de extrema importância. Mas quando alguém aparece com algum distúrbio psicológico, como depressão, ansiedade excessiva, compulsões, etc., não recebe um olhar compreensivo. Pelo contrário, a pessoa que padece psicologicamente pode até ser tratada como "sensível demais", "fresca", "com tempo livre de sobra" e por aí vai. O que se passa na dimensão da mente não é valorizado tanto quanto deveria.
Essa desvalorização para com o sofrimento mental se deve ao fato de que não é algo que se confirma em algum exame de sangue, ultrassom ou raio-x. É algo que reside no subjetivo e não no concreto. No entanto, mesmo sendo subjetivo tem consequências sérias e variadas, inclusive concretamente, levando a doenças físicas ou até a acidentes e/ou tragédias. É um mal silencioso, com frequência desconsiderado como algo menor e sem importância, mas que destrói a vida de muita gente, tanto de quem sofre quanto de quem está próximo dele. O Janeiro Branco é um alerta para termos mais atenção com a nossa saúde mental.
Como vocês podem ver, no entanto, a campanha não é muito conhecida. Talvez, até, a grande maioria dos que estão lendo este texto nem fazia ideia de que existia o Janeiro Branco. Pudera! Ele não é divulgado com tanta pompa justamente porque ainda existe preconceito para com os distúrbios da mente. "É coisa de gente louca e sem nada melhor para fazer", dizem alguns. Mas, na verdade, o sofrimento psicológico está em todas as camadas sociais, econômicas, gêneros e idades. Há inúmeros distúrbios e padecimentos que minam a vida, deixando-a empobrecida e intolerável; que corroem os relacionamentos, destruindo-os; que diminuem as chances de crescimento, empacando os sujeitos em posições desconfortáveis. A coisa é séria e enquanto o olhar que temos para com nossa saúde mental não mudar, pessoas e sociedades vão continuar sofrendo de muitos males desnecessários.
Quando não cuidamos do nosso mundo interno, adoecemos. É incrível o número de pessoas que cuidam de seus corpos, de suas dietas, de suas carreiras, de seu patrimônio - e isso tudo é importante e vital -, mas que se esquecem de cuidar da própria mente. Acabam tendo, externamente, uma vida confortável e cheia de recursos, mas vivem muito mal, cheias de impasses e sofrimentos. Não sabem ou não conseguem aproveitar os recursos que possuem e ficam em situações lamentáveis. Quem não se cuida e nem aprende a se responsabilizar pelas escolhas que faz ao longo da vida acaba por entrar em relações tóxicas e abusivas, coloca-se em riscos desnecessários e leva uma vida cheia de insatisfações. Ao não prestarmos atenção à nossa mente vamos escolher mal, correndo o risco de escolher aquilo que faz mal e adoece. Quem aprende a cuidar da própria saúde mental tem mais chances de escolher aquilo que lhe vai fazer bem e não entrar em qualquer barca furada.
Sem desenvolver uma mente não há a menor chance de haver vida. Pelo menos, não uma vida digna.


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