Encontrar alguém com quem dialogar é raro. Sempre foi assim porque poucos são capazes de conversar. Entretanto, muito mais frequente é encontrar pessoas que falam e falam, mas se mostram incapazes de estabelecer uma conversa. Conversar requer mente, um mundo interno mais elaborado e alguém que seja capaz de ouvir e falar apropriadamente. Já discursar não necessita do ouvir e nem do pensar, o que faz com que qualquer um discurse.
Nos tempos de hoje, aqui no Brasil, onde a política se tornou, negativamente, assunto diário, vemos com bastante clareza como faltam interlocutores decentes. Sobram, contudo, fanáticos dotados de certa intelectualidade e cultura, mas estúpidos quando se refere a conversar e até mesmo a pensar em pontos de vistas diferentes dos seus. Fanatismo é doença que envenena a alma.
Quando um indivíduo não sabe conversar ele troca o diálogo pelo discurso e acredita que se trata da mesma coisa, mas dialogar e discursar têm éticas diferentes. Aliás, dialogar se baseia numa ética, enquanto discursar tem base no convencer, que sempre é agressivo, no fim das contas. O discurso engana com palavras bonitas e aparentemente inteligentes, mas geralmente oculta a estupidez e a perversão de sentidos.
Políticos deveriam tomar cuidado com seus discursos, sejam eles de quais partidos forem, porque no discurso revelam sua estupidez. É o que acontece hoje no país. Desde a presidência até os vereadores vemos gente discursando estupidez a torto e direito. Carecemos de políticos que consigam conversar, ou seja, ouvir e falar de verdade.
Pior que os políticos, que comumente se engajam na política para alcançar seus objetivos perversos, são as pessoas consideradas cultas, mas que se perdem na idiotice. Incorrem na estupidez por serem incapazes de falar consigo próprias, e se pudessem se ouvir, teriam vergonha da cegueira que tanto cultuam e propagam. Não só na política, mas em geral, faltam pessoas que consigam abandonar os discursos e aprender a conversar.