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"Eu ensino os meus suspiros a se estender em canções" (Theodore Roethke)
Todos nós suspiramos. Há tantos acontecimentos, e a maioria deles dolorosos, que não há como não suspirar. O problema é no que transformamos nossas manifestações de pesar. Sempre vale a pena avaliar se transformamos nossos suspiros em lindas canções ou em queixas lamurientas.
Quando é a última alternativa o que nos move, a de lidar com nossas dores com lamentações, a vida vai se tornando insuportável. Os suspiros vão virando gemidos e tudo o que vivemos, todas as nossas experiências de vida, são estragadas e contaminadas. Viver se torna não mais uma possibilidade, mas um terrível e pesado fardo.
Em contrapartida, se nossos suspiros se tornam músicas, canções das nossas histórias, vivemos melhor e com muito mais qualidade. A dor, nesses casos, é transformada em algo que nos enriquece, que nos capacita a nos encantar com as chances que também se apresentam lado a lado com as dores. Viver, então, se torna arte e passamos todos a ser artistas de nós mesmos. Compomos nossas músicas, esculpimos nossos caminhos, pintamos nossas experiências, dançamos conforme o momento e a necessidade e, por fim, escrevemos quem somos nos livros de nossas vidas.
No entanto, para o suspiro se tornar matéria-prima para a arte precisamos de uma mente que seja capaz de tolerar e pensar sobre a dor. Sem o desenvolvimento de uma mente, que vem com o autoconhecimento, não há como sermos artistas. Por isso mesmo a frase da Antiga Grécia "Conhece-te a ti mesmo" continua moderna e mais necessária do que nunca. Só quem aprende a se conhecer internamente pode ensinar a si próprio como transformar suspiros em canções.