Ler um artigo ou assistir a uma palestra de Ladislau Dowbor é um convite
para se tirar qualquer dúvida sobre a existência do aquecimento global
– contestado por muitos – e os efeitos dele sobre a Terra. Formado em
Economia Política pela Universidade de Lausanne (Suíça) e doutor em
Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística
de Varsóvia (Polônia), Dowbor é taxativo ao afirmar que por trás do
aquecimento global está, infelizmente, nosso estilo de vida.

Ele quer dizer que, em vez de investirmos em educação, inovação
tecnológica e outras atividades que diminuiriam a desigualdade social,
acabamos por investir em áreas que apenas tapam buracos. Segundo ele,
o que mais aumenta o PIB de um país é a violência, é a insegurança. E, ao
invés de combatê-la com educação, investimos em vigilância patrimonial,
fechaduras inteligentes, grades e outros paliativos que não atacam o
problema principal. "Estamos fazendo as contas erradas", diz.

Prova disso é que ficamos contentes quando nos deparamos com manchetes
de jornais dando conta do aumento exponencial da produção de veículos, por
exemplo, com recorde atrás de recorde. "A velocidade média dos veículos
em São Paulo é de 14 km/h. É a mesma velocidade média das carroças
que circulavam pela capital paulista no início do século passado", compara
Dowbor. "Precisamos inverter a lógica do uso dos nossos recursos",
acrescenta ele, que está coberto de razão.