Inquietante e com atuações fortes, “Tempos de Barbárie - Ato I: Terapia da Vingança” é uma alternativa interessante para os fãs de suspense
Com anos de baixo incentivo e de um cenário complexo para distribuição, o cinema nacional se encontra em um momento de retomada bastante desafiador.
Nesse cenário, "Tempos de Barbárie - Ato I: Terapia da Vingança", dirigido por Marcos Bernstein e com Cláudia Abreu no papel principal, surge como uma alternativa interessante para quem busca algo diferente em relação aos grandes lançamentos do momento.
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O filme mostra a história de Carla (Cláudia Abreu), uma mãe e advogada que vê sua filha gravemente ferida após um assalto. Sem ajuda da polícia e buscando justiça, Carla não consegue aceitar a situação em que se encontra, e decide fazer justiça com as próprias mãos.
Cláudia Abreu entrega uma atuação forte e que transmite toda intensidade e desespero da personagem, transitando de maneira impecável entre a tristeza inerente da situação e o sentimento de insaciável injustiça que se encontra.
Nota-se um estudo de personagem que seria inevitável para esse tipo de papel, visto que a vingança retratada no filme não caminha de uma maneira tão tradicional.
Aqui, o tema “Vingança” ganha traços menos unilaterais, que busca contemplar não apenas o culpado direto, como também os responsáveis por todo sistema que permite situações trágicas como essa.
E é a partir disso que o filme vai ganhando uma escala cada vez maior, apresentando uma clara reflexão crítica sobre a cultura armamentista e suas consequências na sociedade. A mensagem do filme é transmitida de maneira escancarada. O longa opta por não deixar muito espaço para as entrelinhas, o que não é necessariamente ruim. Contudo, essa escolha torna o enredo bastante burocrático e, de certa forma, previsível.
Ao longo do filme, nos perguntamos “até onde Carla será capaz de ir”, e esse sentimento torna a experiência inquietante, principalmente no segundo e no terceiro ato, quando o ritmo acelera e deixa a experiência mais dinâmica.
O elenco de apoio que conta com Adriano Garib, Alexandre Borges, Júlia Lemmertz e César Mello também entrega um trabalho bastante eficaz, contribuindo para a atmosfera dramática e revoltante do filme.
O diretor tenta conduzir o espectador pelas emoções e percepções da protagonista, que variam ao longo do filme e de cada desdobramento. Para fazer isso, ele conduz muito bem o equilíbrio entre os aspectos técnicos do filme, com destaque para maquiagem e para a trilha sonora.
Vale dizer que o longa dá início a uma nova trilogia, que promete abordar mais tópicos relacionados aos diversos aspectos que envolvem esse cenário de violência no Brasil.
Em resumo, “Tempos de Barbárie - Ato I: Terapia da Vingança” é uma obra que tem no ritmo monótono do primeiro ato seu principal defeito, mas a atuação impactante de Cláudia Abreu aliada ao enredo que foge das abordagens tradicionais, faz desse filme um exemplar interessante do cinema nacional para os fãs de suspense.
Crítica por Lucas da Rocha