O Londrina está mesmo perdendo seu único patrimônio físico, a sede campestre. O parque social que já teve seus momentos de glória, sendo freqüentado por mais de cinco mil sócios em algumas ocasiões, hoje está abandonado, entregue ao mato e à destruição. O bem, por muito tempo tido como impenhorável, é a garantia que os credores do clube têm, fixada no acordo com a Justiça do Trabalho. Está, portanto, penhorado.
A excessiva venda de títulos remidos ao longo do tempo e a própria queda no interesse pelos clubes sociais, somados às más administrações do clube, decretaram o fim de um dos locais mais aprazíveis da cidade.
Agora, de acordo com a reunião do Conselho Deliberativo, a sede campestre do LEC parece só ter um destino: o fim. A chamada de capital, na convocação feita aos associados, dificilmente vai vingar e o patrimônio deverá ser leiloado. E passando pelo leilão, o valor do lance será repassado aos ex jogadores ou funcionários que cobram na Justiça do Trabalho.
E lembrar que o Londrina já teve seus momentos de riqueza. Houve época que, além da sede campestre funcionando com todo vigor, o clube era dono de algumas salas no Edifício do Banco da América, o edifício do relojão*. As salas foram vendidas, com o passar do tempo, para socorrer necessidades financeiras de várias épocas e sobrou somente a sede campestre que, infelizmente, está deixando de ser do Tubarão.
Nasceu na Catedral
Final da década de 50, início dos anos 60. A direção do Londrina Futebol Clube tinha um sonho: conseguir uma área para construir sua sede social e realização deste sonho foi garantida durante a celebração da missa de aniversário da cidade, em 1959, na Catedral.
Enquanto o saudoso Dom Geraldo Fernandes celebrava a missa, o presidente Carlos Antonio Franchello arrumou um jeito de ficar ao lado do governador Moisés Lupion, convidado especial para a solenidade, e a conversa foi curta e grossa.
Falando baixinho para não atrapalhar o ato religioso, Franchello conseguiu comover o governador que deu o "sim" para a doação. Como o Governo do Estado não podia doar um terreno a um clube que só praticava o futebol, Franchello se encarregou de transformar o Londrina em Futebol e Regatas.
A burocracia foi tanta que, mesmo com o sim de Lupion, o Londrina só se tornou dono da área doada um ano depois, em ato assinado pelo novo governador, Ney Braga.
*Em tempo
O aumentativo "relojão" ficou por minha conta. Para os sábios em gramática não existe o aumentativo de relógio. Os relógios mecânicos surgiram na Itália e foram, inicialmente, instalados em torres e fachadas de grandes igrejas. A evolução tecnológica tem permitido a redução das dimensões dos relógios mecânicos. Por isso apenas usamos os diminutivos. O aumentativo não tem uso porque não há relógios mecânicos maiores do que aqueles que vemos nas catedrais ou mesmo do que aquele que vejo todo dia, pela minha janela, por morar no centro da cidade. O do edifício do antigo Banco da América.
Notícia de última hora
Uma nova construtora surgiu na vida do Londrina Esporte Clube. Ela vem com a intenção de comprar a sede campestre e oferece R$. 10 milhões. Com o negócio, o LEC pagará todas suas dívidas (cerca de R$. 6 milhões) e ainda terá R$. 4 milhões para montar times competitivos para voltar à Série A do Campeonato Brasileiro.
PS: pena que essa notícia não passa de uma brincadeira típica do dia de hoje, primeiro de abril, o dia da mentira.