Põe o Zé Miguel, tira o Zé Miguel
Zé Miguel, prata da casa, foi herói por um dia no Londrina. Sem a confiança da torcida, criou-se até uma brincadeira nas arquibancadas do VGD. Se o time estava mal com Zé Miguel jogando, a galera pedia: "Tira o Zé Miguel!" Se ele não estava em campo: "Põe o Zé Miguel!" Em 1975, o Londrina jogava contra o Atlético na Baixada e, num contra ataque, fizeram um lançamento para o nosso herói e ele botou na rede. Gol do Londrina, gol de Zé Miguel, que de forma inexplicável foi anulado pelo árbitro do jogo. O Presidente Fernando Agudo Romão invadiu o campo. Tudo estava no maior tumulto quando Zé Miguel chegou no presidente e garantiu: "Pode voltar para lá que eu vou fazer outro e nós vamos ganhar o jogo". Dito e feito. Cinco minutos depois, do mesmo jeito do primeiro, Zé Miguel marcou outro gol que Plinio Duenas não teve motivo nem coragem para anular. O Londrina ganhou por um a zero, gol de Zé Miguel que um dia foi jogar em Portugal e nunca mais voltou.
Futebol racista
No começo do século, os jogadores negros não eram aceitos nos clubes brasileiros. Friedenreich, um dos maiores goleadores da história, era mulato e passava gomalina nos cabelos para alisá-los. Só em 1918, por pressões da imprensa, que a Federação Brasileira de Sports autorizou formalmente aos clubes e entidades regionais a aceitarem inscrições de negros. Na Copa de 1930, o centromédio Fausto foi o único que deixou o Uruguai sem arranhar a reputação. "Maravilha Negra", como era chamado, desafiava os dirigentes se recusando a alisar os cabelos. Fausto morreu de tuberculose aos 34 anos.
Nos anos 10, o América Carioca tinha um jogador negro chamado Carlos Alberto. Ele não fazia questão de esconder a raça. No seu time não havia racismo. Transferiu-se para o requintado Fluminense e começou a usar pó de arroz para disfarçar a cor. Num jogo contra o América, a torcida percebeu o pó-de-arroz e pegou no pé de Carlos Alberto. O apelido passou para o clube.
O livro "O negro no futebol brasileiro", de Mário Filho, conta a história do goleiro Heráclito, do Bangu. Em um jogo contra o Flamengo, em 1912, o goleiro teria entrado em campo bêbado, depois de gente ligada ao rubro-negro ter lhe oferecido cachaça. Pronto: por ser negro, era mais chegado ao álcool do que os brancos, dizia-se. A diferença era que os brancos bebiam uísque.
Nos anos 20, surgiu o primeiro time formado por mais negros do que brancos, sem preconceito: o Vasco da Gama. Saiu da segunda para a primeira divisão e conquistou o título carioca de 1923. Todos duvidavam da força do clube que montou um esquadrão de negros e mulatos e dominou o futebol carioca.
Não bate mais
No interior de São Paulo, na década de 60, houve um juiz, João Ceves, que ficou famoso por seus "arranjos". Em Araraquara, certa vez, jogavam Ferroviária e Botafogo, de Ribeirão Preto e Ceves, disposto a ajudar o clube da casa, apitou um pênalti contra o Botafogo. O cobrador oficial da Ferroviária, que era o zagueiro Antoninho, desperdiça a cobrança. Mais alguns minutos, Ceves apita outro pênalti. Novamente Antoninho perde a cobrança. Quase no fim do jogo, mais um pênalti. Antoninho pega a bola, preparando-se para efetuar a cobrança, quando o árbitro toma a bola do infeliz, e o expulsa de campo, dizendo: "Aqui você não bate mais bosta nenhuma...". Peixinho bateu e marcou. Logo em seguida veio o final do jogo.
Frases de boleiros
Comentário de Garrincha, durante a comemoração da conquista da Copa do Mundo em 58: - "Campeonatinho mixuruca, nem tem segundo turno!"
Garrincha, em 62 no Chile, reparando no uniforme dos ingleses: "Você viu, Didi? O São Cristóvão está de uniforme novo!"
Mengálvio, ex-meia do Santos, em telegrama mandado a família quando em excursão à Europa: - "Chegarei de surpresa, dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da Varig..."
O volante Mingão, do Noreste de Bauru, quando se candidatou a vereador, em um comício: - "Se eleito, prometo apedrejar todas as ruas da cidade..."
De Neném Prancha, roupeiro do Botafogo, e filósofo do futebol: - Craque é o Didi, que joga como quem chupa laranja".
Nunes (do Flamengo), deixando o campo contundido. O repórter pergunta se a contusão é grave. Ele responde: - "Não. Meu estado não inspira gravidez...".