Esse livro de Kyoichi Katayama vendeu mais de 3.000.000 de exemplares, foi adaptado para o cinema e para uma série de TV, além de ter se tornado um mangá de sucesso no Japão. O segredo? Narrar uma história de amor com sensibilidade. Uma eterna história de amor tragicamente interrompida quando Aki, uma garota bela, inteligente e popular, é diagnóstica com uma doença quase incurável.
O mundo é visto pelos olhos do personagem Sakutarô. Ele e Aki foram amigos quando crianças, mas com os anos eles foram transformando a amizade numa paixão arrebatadora. Os adolescentes prometem nunca mais se separar. De repente, os sonhos e a felicidade são devastados pela doença. A percepção de Sakutarô muda irreversivelmente. O mundo não é um lugar alegre como parecia. Por isso no primeiro parágrafo do livro ele pensa: "Nem sei se meu pranto é de tristeza. Acho que meus sentimentos se foram com as lágrimas".
Um Grito de amor no centro do mundo (Alfaguara, 2011), traz um assunto que já foi explorado em romances, novelas e filmes, mas o autor, sem cair na pieguice, nos ajuda a olhar o mundo pelos olhos de um adolescente. Sua reflexão traz a visão oriental: "Tudo aconteceu num intervalo de quatro meses; praticamente o de uma única estação do ano. Foi nesse curto espaço de tempo que uma garota desapareceu desse mundo. Se considerarmos que existem seis bilhões de habitantes, certamente sua perda é insignificante...". O assunto é tratado de forma sutil, delicada. O autor desenvolve um enredo que já aparece em outras histórias, mas a forma como conduz a história faz a diferença. O olhar do menino, do adolescente, do homem, tem implícita a mensagem oriental da transitoriedade do mundo. O livro nos leva a refletir sobre a impermanência do mundo interior e do mundo exterior. A perpétua mutação de sentimentos e pessoas. O trabalho poético do livro acrescenta beleza e o faz diferenciar-se de outras narrativas com assuntos semelhantes.
Isabel Furini é escritora é poeta premiada.