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INVASOR - Poema de Vera Albuquerque

06 dez 2015 às 00:16

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Invasor

Deselegante, atrapalhoso e luciolante esse fulgor
rompe na minha cara.
Machista como é, pensa que eu o amo.
Pensa que sua auri nitente me seduz, 
Exagerado, poderoso, quente quer tudo,
Iluminar tudo, ficar em tudo...fulguroso, garboso,
Cansativo, prejudicial...
Só porque quando surges, os pássaros cantam, 
A relva seca, a natureza assinala tua presença...
Pensas que por isso te amo, pensas que por isso te espero?
Preso nessa esfera iluminada, viril, opulento,
Esplendoroso, não podes sair...podes me alcançar, 
mas não me sentir.
Podes me ver, mas não me ouvir. Mísero áureo...
E eu?
Eu espero depois que o meu sono acordaste, que você 
Minimamente me aqueça, me bronzeie e desapareça, porque eu quero mesmo é a noite.
Os corredores, os vãos com seus amores.
Mas antes da noite, quero te ver sumindo,
Desaparecendo, morrendo e deixando no horizonte 
O rubro de teu sofrimento, jubilosa tarde que me presenteia
tua morte,
E que prepara a cama da lua, fresca, suave, 
mádida como uma manhã de orvalho 
antes de tua aparição.
Pensas que te aproveitas de mim? Pobre...
Eu me aproveito de ti, bebo de ti e guardo em mim o teu
calor, para o frio da noite que me vem.
Esse calor que me dás de graça, 
eu gasto à toa, nos cantos, com tantos.
Com esse calor embrenho-me e misturo-me em outras plagas
e daí esfrio, apago e aquieto.
Porque sei que nas auroras todas, 
virás romper na minha cara,
Deselegante, atrapalhoso, luciolante.

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Poema de Vera Albuquerque


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