Falando de Literatura

COMO ESCREVER UM POEMA?

29 dez 2009 às 16:01

Poema nasce da alma (se você não acredita em alma, pense que o poema nasce em algum lugar desconhecido do hemisfério cerebral direito – o da criatividade). Como mensagem, todo poema tem seu valor. Agora, se vamos falar tecnicamente, o discurso muda. Você pode se perguntar o que faz um poema ser amado e outro, ser desprezado.

Bem, não existe uma regra nem um critério universal. A Poesia não é ciência, não é objetiva. Ela atinge diretamente nossa subjetividade. Uns gostam de rima, outros não. Alguns adoram sonetos, outros detestam. Há os fanáticos do haikai e os que acham chato tanta economia de versos (o haikai é formado de 17 sons, distribuídos em três versos de 5, 7 e 5 respectivamente).


Uma das características da poesia contemporânea é a quebra de paradigmas. O poeta precisa inovar. A imagem também adquire um lugar predominante na literatura contemporânea. A poesia não pode fugir disso. Uma obra de ficção precisa de descrições detalhadas e ponto de vista original, a poesia precisa de imagens, só que devem ser rápidas e de impacto.


A figura de estilo chamada enumeração também dá força ao poema. Apresenta sucessivamente vários elementos ou justapõe palavras. Muitos poetas utilizam esse recurso. Vamos dar um exemplo. Para publicar poemas de outros poetas é preciso de uma autorização escrita, por isso escolhi um poema de minha autoria (1° lugar no Concurso da Prefeitura de São José dos Pinhais, em 2002).


O POETA : Sonha com poemas/ e acorda na noite,/escrevendo com os dedos/ versos no ar. Adora/ navegar sobre ondas de folhas em branco,/ velejar nos cadernos novos, pular sobre areias de palavras, / correr na praia procurando o Verbo. /Livros, cadernos, papéis e mais papéis (...)


Poesia é criatividade, por isso ninguém pode dar parâmetros fixos. Então, vamos escrever ao ritmo de nossa alma sem ter medo de errar, pois como escreveu Affonso Romano de Sant’Anna sobre Picasso: "Picasso erra quando pinta e erra quando ama. Mas quando erra, erra violenta e generosamente" (...) Sant’Anna termina magistralmente afirmando: "Ele erra,/ mas nele, / o erro / mais que erro / - é errância".

Poesia é criatividade, por isso ninguém pode dar parâmetros fixos. Então, vamos escrever ao som de nossa alma. Uns amarão e outros vão odiar. Esse é preço da ousadia.


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