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Troque a sua tristeza por um sorriso

11 nov 2014 às 20:46

Peguei pen drive antigo que estava esquecido em uma gaveta para ver se ainda funcionava. Antes de formatá-lo, é claro que quis conferir quais arquivos estavam nele gravados.


Grata surpresa. Encontrei a melhor foto que fiz para a Folha de Londrina dentre todas as que produzi em algumas pautas nas quais me arrisquei a clicar também. Puro atrevimento, pois, como fotógrafo, sou bom repórter.


Acho que gosto da foto porque também tenho carinho pela pauta em que ela estava inserida. A história é a seguinte. Fazendo reportagem sobre assaltos a ônibus na região de Maringá, papo vai, papo vem, e uma policial rodoviária estadual (sim, era uma mulher) me dá a dica: "Em Tupinambá, distrito de Astorga, tem um senhor que produz uns carroções antigos. É um trabalho interessante."


Na primeira oportunidade, rumei para lá. Como os colegas fotógrafos estavam ocupados em outras matérias, peguei a máquina para eu mesmo tentar um bom retrato.


O personagem era Wendolino Stoppock, dono da simpática ''Oficina da Amizade'', desde os anos 1970, fabricando carroças, carroções, charretes e o que mais os fregueses encomendarem. Um senhor ferreiro, marceneiro, carpinteiro, casado, pai de dois filhos.


Bubi, como a turma o chama por ali, recebeu-me muito bem e não se fez de rogado quando perguntei qual era o segredo de seu afamado trabalho artesanal. "Observo muito, vejo os filmes de faroeste, as diligências que aparecem neles. Gravo tudo na mente. Também ando com uma máquina fotográfica, retrato o que vejo que tem formas interessantes."


Em uma parede, ele conservava uma plaquinha com a seguinte inscrição: "Troque a sua tristeza por um sorriso." Não é um belo conselho? E, no Natal, distribuía pacotinhos de balas para as crianças.


A matéria foi publicada em uma coluna que eu mantinha no jornal, para qual ninguém dava muita bola, chamada "Em algum lugar do Paraná", no dia 7/4/2011. O texto não mereceu muito espaço, mas a foto foi a principal da capa daquele dia.


Vida de repórter é assim, a gente nunca sabe quando nem onde vai encontrar uma boa história. Mas, procurando, acha.


Boas recordações. Visitarei o Bubi qualquer dia. Contarei aqui.

Wilhan Santin

O simpático Bubi com uma das rodas de carroção de sua lavra.


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