Em Londrina, quase não há bancas de jornais e revistas. Um político que se diz também jornalista achou que elas atrapalhavam a cidade. E as arrancou. Como quase ninguém reclama disso, fica a impressão de que moramos em uma cidade que não lê.
Acho que é só impressão. Lemos tão pouco quanto o resto do Brasil.
Pois, na semana passada, fazendo hora para uma reunião que começaria às 14, resolvi tomar um cafezinho numa cafeteria do térreo do Shopping Royal.
Entrei pelo piso do primeiro andar e penei para descer até o térreo. As escadas rolantes estavam paralisadas e o shopping lotado.
Um papai noel, desses que ficam sentados em um trono atendendo criancinhas e deixando se fotografar com elas, tinha uma fila grande de pequeninos para ouvir. Estava com cara de cansado o pobre homem.
A duras penas cheguei ao café, ocupei a única mesa com cadeira vazia, pedi o expresso e abri uma revista para ler.
Quando veio servir o delicioso líquido preto, de odor tão agradável e que espanta meu sono pós-prandial, o rapaz, de uns 19 anos, passou a me questionar sobre a revista – Piauí – que eu folheava.
Contou-me que é fã de leitura, que já ouvira falar daquela revista que eu lia, que só estava esperando a opinião de alguém que a lesse para decidir se passaria a comprá-la ou não.
Questionou-me sobre o que eu pensava da Veja e da Carta Capital e qual a diferença da Piauí para as outras revistas.
Não estou contando tudo isso para fazer propaganda da Piauí, revista que tem uma pegada literária, coisa que anda tão em falta no nosso jornalismo impresso atual.
Conto esta historinha, de boca cheia, porque encontrei um jovem que gosta de ler! Conversei com ele empolgado. Pena que, como o dever lhe chamasse em forma de outros clientes levantando a mão, não deu tempo de perguntar qual era o nome desse meu amigo.
Voltarei outro dia ao mesmo café para continuarmos o papo.
Creio que, como ele, há outros jovens, crianças, adultos, idosos, que gostam de ler. São eles que fazem com que o nosso jornal impresso de todos os dias continue vivo. Rogo que ainda por muito tempo, amém. São pessoas assim que me fazem continuar a teclar. Como eu disse no título, nem tudo está perdido.
Sonho que Londrina volte a ter o mesmo tanto de bancas e revistas de um passado tão próximo. E que tenhamos mais livrarias, mais bibliotecas, para termos mais e mais leitores. E uma cidade melhor.