É notícia

Mais sobre o "Tubarão genérico"

13 fev 2014 às 20:59

Algumas leitoras reclamarão, com razão, sobre eu não cumprir a promessa feita no último post do blog. Escrevi que daria um tempo do assunto futebol. Mas a causa é nobre, vocês hão de compreender.

Escrevi sobre o fato de Garrincha ter feito a última partida de sua vida jogando por um certo Londrina, de Planaltina, lá no Distrito Federal. A história é interessante e podia parar por aí. Mas, por conta do cacoete de repórter, fiquei encafifado, curioso, para saber qual é o motivo de ter um time com o nome de Londrina lá por aquelas bandas. Fui atrás da informação.


Localizei o ponteiro Valdmar, o homem que era o titular da camisa 7 do Londrina de Planaltina. Ele foi o encarregado de substituir Garrincha naquela derradeira partida, disputada em 25 de dezembro de 1982. Veja como são as coincidências do destino: hoje, o Valdmar tem um filho jogando nas categorias de base do Botafogo. O rapaz usa justamente a 7 do alvinegro carioca!


Porém, quem saberia contar de verdade a origem da equipe de Planaltina seria um compadre do Valdmar, Antônio Teodoro Ribeiro, o Saty, fundador do time. O ex-ponta direita me deu o número do telefone do homem.


Liguei. Saty mora atualmente em Vila Velha (ES). É um sujeito de boa conversa. Explicou-me a história.


"Tínhamos um time que se chamava União. Eu jogava como cabeça de área. Decidi que era o momento de termos uma estrutura melhor e trocar de nome. Era 1976 e o Londrina estava na primeira divisão do futebol brasileiro. Identifiquei-me com as cores do clube do Norte do Paraná, o azul e o branco. Falei com os companheiros sobre a ideia de passarmos a usar o nome de Londrina. O pessoal topou. No nosso escudo, substituímos o ramo de café do clube original pela pedra fundamental de Brasília."


Algum tempo depois, Saty deixou de ser jogador para ser o presidente do time. Profissional da área de turismo – ramo em que atua até hoje – e sempre muito agitado, teve a ideia de levar Garrincha para jogar pelo seu time. O então cartola não imaginava que aquela seria a última partida de um dos maiores gênios do nosso futebol, campeão de duas copas. "Já havíamos até acertado para ele fazer outra partida no mês seguinte", lamenta.


Bom, unindo este post ao que está logo abaixo, agora tenho a consciência tranquila de ter cumprido a minha missão de jornalista completamente, explicando também o motivo de um time de Planaltina chamar Londrina. Ou seja, foi coisa da cabeça de um certo Antônio Teodoro Ribeiro. Ele não tem parentes em Londrina, nunca esteve na cidade, mas é um apaixonado pelo Tubarão. "Gostaria muito de conversar com algum representante do time."


Para concluir, duas coisas:


1) O Saty me puxou a orelha, dizendo que não foi um combinado de veteranos o time que o Londrina de Planaltina enfrentou na despedida do Garrincha. Foi uma seleção de jogadores nascidos em Brasília, em plena atividade, como o goleiro Paulo Vítor, que defendia a seleção brasileira.

2) Um agradecimento especial aos colegas do Planaltina em Foco (www.planaltinaemfoco.com.br). Eles me ajudaram com os contatos e fizeram a gentileza de mandar a belíssima foto que está abaixo. Nela, Garrincha com a camisa do Londrina de Planaltina, em frente ao hotel onde foi realizado o churrasco depois de seu último jogo.


Continue lendo