Na comunidade de Catalão, às margens do Rio Negro, pertencente ao município de Iranduba, perto de Manaus; o menino Vinicius, 7 anos, já está deixando o avô, Mauro Coelho de Lima, 68, quase doido. A todo instante pergunta se já tá chegando a hora de ver de perto o Londrina Esporte Clube.
Mauro, por sua vez, está tratando de arranjar um ônibus para fazer a segunda etapa da viagem – a primeira é de barco, pelo rio – para ajudar a levar o pessoal da comunidade até o treino que o Tubarão fará na manhã de sexta-feira (7), às 10 horas, preparando-se para enfrentar o Vasco da Gama, em partida importante pela Série B do Campeonato Brasileiro. Os dois times estão no G4, separados por apenas três pontos.
Frank Coelho de Lima, 35, filho de Mauro, é vigilante e vai faltar no serviço para ver de perto Cláudio Tencati e seus comandados. "Estamos todos ansiosos", ele diz.
Agora, se você, caro leitor, não está entendendo o motivo de tanta expectativa em torno do LEC por parte de um povo lá da Amazônia e também ficou encucado com o título desta matéria, eu explico: em Catalão há um time de futebol amador chamado Londrina, fundado em 1984, e que tem o mesmo distintivo, com um ramo de café, do alviceleste do Norte do Paraná.
Ao final desta texto, tem um link para outra postagem feita aqui neste blog reproduzindo uma matéria da Folha de Londrina, de abril de 2016, na qual contei em detalhes a história do Tubarão da Amazônia; time descoberto pelo repórter fotográfico Sergio Ranalli. Se você ainda não a leu e ficou curioso, clique lá depois. Vamos adiante.
O pessoal do Londrina de Catalão sempre foi louco de vontade de conhecer o Londrina original. E quis o destino que o Vasco da Gama resolvesse mandar a partida do próximo sábado na capital amazonense.
Conhecendo a história do time de mesmo nome do Norte do País, o executivo de futebol do LEC, Ocimar Bolicenho, deu um jeito de realizar este sonho e arrumou um espaço na agenda do treino de sexta-feira, que será realizado no Estádio da Colina, o qual serviu como Centro de Treinamento na Copa de 2014.
"Foi uma surpresa saber que existe um time que nos homenageia tão longe do Paraná. Vamos recebê-los com muito carinho. E sabemos que também nos darão força. Quando levei a ideia ao Tencati de usar um pouco do tempo do treino para conversar com esta rapaziada, ele acolheu prontamente", explicou Bolicenho.
Frank, que é zagueiro, capitão e porta-voz do Londrina de Catalão, diz que a ideia original era receber Germano, Keirrison, Marcelo Rangel e companhia na comunidade, servindo uma caldeirada de tucunaré e tambaqui assado. Porém, entende que não haverá tempo hábil para isso e está feliz com a possibilidade do encontro no treino.
"Além do time principal, temos também o veterano, o infantil, o juvenil e o feminino. Todos utilizam o uniforme e o distintivo idêntico ao Londrina Esporte Clube. E todos querem ir ao treino e ao jogo. Vai ser uma festa", explica.
Os outros "atletas" do Londrina de Catalão exercem diversas profissões. São operários, pescadores, marceneiros e já negociaram folga para a manhã do dia 7.
Nas comunidades ribeirinhas do Rio Negro, o futebol é um elo de amizade. Cada uma tem o seu time, com equipes de base e de veteranos, e um campo em condições de receber adversários. Não se passa um fim de semana sem jogos, churrascos e brindes.
No sábado, na Arena da Amazônia, o Tubarão deve encontrar arquibancadas com mais de 30 mil pessoas levando no peito uma Cruz de Malta. Os clubes cariocas são queridos por lá. Mas entrará embalado pelo carinho que terá recebido no treino e saberá que, no espaço reservado aos visitantes, uma turma de Catalão estará feliz por poder pela primeira vez assistir no estádio ao jogo do clube que deu nome ao time em que jogam e que amam.
Obs.: amanhã publicarei aqui no blog fotos do encontro de "Londrinas".
Segue o link para a matéria que conta a história do Londrina de Catalão: http://www.bonde.com.br/blog/e-noticia/o-londrina-da-varzea-do-rio-negro-405778.html