Logo cedo vou a reunião em um hotel na Rua Quintino Bocaiúva. Com pressa, não percebo que o estacionamento no local é regulado pela Zona Azul.
Quando volto, tem notificação no para-brisa. Tenho que pagar R$ 6,00 por ter ficado mais de uma hora sem colocar o tíquete de estacionamento.
Procuro uma orientadora da Epesmel. A moça me recebe com sorriso e um cordial bom-dia. Ajuda-me a fazer o pagamento no parquímetro e dá várias explicações sobre a Zona Azul, sem deixar de sorrir.
Pago sem reclamar.
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Sem tempo para ir almoçar em casa, tenho de recorrer a restaurante self-service. Lotado. Fila demorada para encher o prato e disputa por mesas.
Enquanto espero o senhor à minha frente decidir vagarosamente se quer ou não alface, noto, em uma mesa, mãe e filha fazendo oração antes de começar a comer. Agradecem pelo alimento. É interessante como gestos sutis se destacam em meio à balbúrdia.
Pessoas mansas de coração também se destacam neste mundo agitado em que vivemos.
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Levo revistas Piauí de presente para o rapaz da cafeteria que outro dia me disse que gostaria de lê-las.
Ele fica tão agradecido que quer me pagar um café.
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Andando pela Rua Pio XII vejo moça bonita sorrindo para mim. Penso que é para outra pessoa que ela sorri. Conforme nos aproximamos, percebo que é para mim mesmo que a jovem mostra os belos dentes. Sinto-me o charmosão.
Quando ela chega perto de verdade, vejo que se trata da minha prima Letícia, que está mais bonita a cada vez que a encontro. Está explicada a razão dos sorrisos.
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No final da tarde, indo para casa de carro, na Avenida Bandeirantes, resolvo passar da faixa da direita para a esquerda. Como já derrubei motoqueiro por não vê-lo no ponto cego do retrovisor, além de ligar a seta também dou sinal com a mão indicando que vou mudar de pista.
Rapaz de moto encosta do meu lado e quer saber por que estou a insultá-lo com gestos. Explico que estou apenas sinalizando. Ele fala meia dúzia de palavrões e sai acelerando.
Sigo, com raiva do cara, mas logo passa.