Esta vem do arquivo. Vasculhando alguns jornais antigos, encontrei a primeira matéria que escrevi para a FOLHA, como freelancer, em 2006. Lembro bem como foi: estive no jornal pedindo emprego. O chefe de redação sugeriu que eu apresentasse alguma matéria, como teste. Mostrar o trabalho dos vendedores de minhoca da Vila Marízia foi a melhor ideia que tive naquele momento.
Sempre que passava na BR-369, no trecho próximo ao entroncamento com a Avenida 10 de Dezembro, eu ficava observando aquele pessoal, moradores do bairro que num passado não distante era favela, que oferecia minhocas. O trabalho deles me deixava curioso. Parar para entrevistá-los foi experiência das mais interessantes. Encontrei uma gente simples, mas trabalhadora, que sabe se virar para ganhar o trocado de cada dia. Os fregueses são pescadores. "Minhoqueiros", como dona Maria Aparecida da Silva, há mais de 30 anos no ramo, contam que já não se acha mais minhocas no córrego que corta o bairro, por isso é preciso ir longe para encontrar o produto. Ela também reclama da concorrência. Com o tempo, a Vila Marízia virou referência da venda de minhocas, logo surgiu mais gente por ali com interesse de também vender os bichinhos. O comércio já vai além da beira do asfalto, em várias casas há plaquinhas indicando a venda dos invertebrados, como na de Pedro da Silva.
Para mim, começar no jornalismo impresso mostrando os vendedores de minhoca foi bom. Comecei com o pé direito.
Pedro da Silva e suas minhocas no "caprixo"