Da série bastidores da notícia
Nos últimos anos, uma lógica da profissão de jornalista mudou. Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, o assessor de imprensa era o cara que já havia rodado muitos anos por redações e, no auge da experiência, resolvia ganhar melhor trabalhando em uma assessoria.
Atualmente, há muito mais vagas nas assessorias do que nas redações. Também há muito mais jornalistas saindo das faculdades. Logo, muita gente acaba tendo uma assessoria de imprensa como primeiro emprego na área. Comigo aconteceu assim. Já no último ano de faculdade eu fazia bico como assessor. Depois, com o diploma na mão, o bico virou emprego. Fiquei nessa por três anos, até conseguir realizar o desejo de ir para uma redação.
Pois bem, assessoria de imprensa é coisa séria, que exige habilidade para lidar com o patrão e sensibilidade para atender aos colegas. Aliás, é lógica da assessoria de imprensa, que de agora em diante chamarei de assessoria de comunicação (explico o porquê em um outro texto) atender o mais prontamente possível à imprensa.
Assessor de comunicação que não dá retorno aos jornalistas que lhe pedem informações, na verdade, está jogando contra a empresa. É algo tão absurdo quanto o médico deixar de atender aos seus pacientes ou o farmacêutico mandar voltar amanhã o sujeito que quer comprar um remédio.
Parece absurdo, mas tem assessor de comunicação trabalhando com tamanho amadorismo que surpreende. Um exemplo é a chateação que tive nos últimos dias cobrindo a novela das praças de pedágio da Econorte em Jacarezinho. Em em três dias úteis seguidos liguei para a assessora de comunicação da concessionária. Ela sempre estava em reunião e não retornou aos meus insistentes apelos de um simples pedido de informação.
Fica a pergunta: os usuários da rodovia pedagiada, que pagam R$ 9,70 no caso de automóveis e até R$ 58 no caso de caminhões não merecem um retorno, uma explicação da empresa via imprensa? O estranho é que basta digitar o nome da referida assessora no Google para encontrar diversas fotos dela em ações de marketing social da concessionária, entregando cobertores e outros donativos a diversas instituições. Para isso, não há reunião que atrapalhe.
Outro que fez papelão foi o assessor de imprensa da prefeita de Jacarezinho, Tina Tonetti. Depois de praticamente garantir que ela daria uma entrevista para falar sobre o pedágio na cidade, o cidadão não retornou mais para a redação como havia combinado e deixou de atender ao celular. Fez com que eu ficasse no jornal aguardando o prometido retorno até o tempo máximo que dava para esperar sem atrasar a edição. Coisa de irresponsável.
É simples, basta retornar, atender ao jornalista, que garanto, não morde. Assessor, atenda. Nem que seja para dizer que a instituição para a qual você trabalha não vai se pronunciar.
Para finalizar, vale dizer que falei das exceções. A maioria dos assessores de comunicação com os quais converso semanalmente fazem ótimo trabalho e são profissionais excelentes. Poderia citar vários por aqui, como o pessoal do Departamento de Estradas e Rodagem (DER). Ser assessor é fácil, basta deixar o espírito de amadorismo de lado.