Fiz duas matérias sobre este caso envolvendo os alunos do curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Acompanhei os dois momentos mais tensos: a formatura dos 80 alunos na sexta-feira, 12, e a colação de grau, no dia 19, dos 14 acusados pela UEL de badernarem no pronto-socorro do Hospital Universitário no dia 20 de novembro.
Nessas duas ocasiões, jornalistas foram hostilizados, acusados de injustos, mas, diante de gravadores e câmera ligados, formandos e seus familiares se recusaram a dar qualquer declaração. Perderam uma grande chance... Explico:
Durante a última semana, conversei com um médico, que pede anonimato por enquanto, que é muito conhecido em Londrina e está acima de qualquer suspeita. De fato, um cara nota 10. Ele me contou que estava acompanhando alguns dos 14 que foram impedidos de se formarem com toda a turma. Disse que os rapazes estavam sofrendo muito, que choravam o tempo todo e estavam depressivos. Não duvido.
Também digo que não podemos generalizar. Sei que há jovens dessa turma que serão médicos brilhantes e prestarão grandes serviços à sociedade. Mas é de se lamentar a forma como agiram durante todo esse episódio.
O nariz empinado e o silêncio dos formandos foi de assustar. Os pais aderiram. "Gostaria muito de falar com você, mas meu filho não deixa", justificou-me um senhor. Sou do tempo em que os pais diziam aos filhos o que deve ser feito...
Na minha opinião, eles tinham - e ainda têm - a obrigação de falar. A maioria da opinião pública está contra os mais novos médicos da cidade. Então, por que não explicarem, na versão deles, o que de fato aconteceu?
Esse direito não lhes é negado. Todos os veículos de comunicação ofereceram amplo espaço a esses jovens e seus familiares. Se não quisessem falar no calor das formaturas, podiam ir a qualquer redação e fazer uma entrevista com toda a calma do mundo. Eu coloquei a FOLHA à disposição. Porém, houve recusa o tempo todo. Esconderam os rostos, como fazem criminosos.
Caros senhores novos médicos, sei que vocês sofreram com esse episódio. Sei que vocês dizem que não houve tudo o que a reitoria diz que houve. Sei que vocês se dizem injustiçados. Então, venham a público e digam tudo isso, pois, do contrário, fica parecendo que vocês não estão nem aí para essa tal sociedade.