Da série "Bastidores da Notícia"
Neste ano, fiz uma reportagem que certamente será inesquecível. Ao lado do amigo e editor de fotografia da FOLHA, Sérgio Ranalli, acompanhei uma semana do Curso de Operações na Selva do Exército Brasileiro, no meio da Amazônia. Impressionante!
O curso, desenvolvido pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), atrai militares do mundo inteiro e é voltado só para oficiais, das forças armadas brasileiras e das nações amigas. O negócio é pauleira. Os caras que se metem a fazer o curso sofrem. E muito. Só para que você tenha uma idéia, morreram quatro durante as atividades nos últimos dois anos.
O curso treina para sobreviver e combater na selva. É nesse treinamento que a cúpula do nosso Exército aposta em caso de guerra. Faltam-nos armas e contingente, mas temos soldados e oficiais que conhecem a mata como ninguém.
Debaixo de um sol de rachar, calor escaldante e umidade constante, os caras passam o tempo inteiro correndo, subindo em árvore, carregando companheiros nas costas. Sem falar na mochila, da qual eles não podem se desgrudar, que pesa "míseros" trinta quilos. O clima é tenso o tempo todo. Até para o Ranalli e eu.
Um dos raros momentos de descontração (só para nós) foi quando, em uma passagem pelo Cigs em Manaus, em um dos poucos momentos fora da selva, os alunos fizeram um exercício na piscina, de farda, coturno e mochila. De repente, começa a boiar um saquinho de amendoim. Um dos oficiais que participavam do curso escondeu a guloseima no bolso para repor energias escondida. Isso é extremamente proibido.
A reação de um dos insrutores foi o motivo da nossa descontração. "Olha ali, alguém trouxe lanchinho. Estão pensando que isso aqui é a escolinha da titia Tetéia". O dono do amendoim se identificou voluntariamente. Não fiquei sabendo qual foi o castigo dele.