Toda despedida é dor... tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia.
William Shakespeare
A vida nos revela inúmeras formas de despedidas. Despedidas rápidas por meio de um breve tchau e nada mais. Despedidas alegres como quem sabe que haverá um retorno satisfatório e as despedidas tristes, aquelas que, mais do que nos separarmos de alguém que amamos, há a possibilidade de nunca mais nos reencontrarmos. A morte pode ser uma forma de despedida, mas os espíritas creem na separação temporária e que esse reencontro, inevitavelmente, irá acontecer.
Pior que a morte, essa separação do corpo físico e espiritual, as vezes, ainda mais dolorosa, é a separação dos corpos físícos, principalmente quando envolvem aqueles que amamos. Porque há momentos que as circunstâncias da vida nos revelam que o melhor a fazer é nos distanciar. Nos manter longes de suas vivências. Não poder e nem ter a liberdade de compartilhar com aquele que amamos as etapas tristes e alegres da vida.
Se pararmos para analisar parece até absurdo entender que o melhor caminho, muitas vezes, é nos afastarmos de quem amamos. Como entender esse paradoxo da vida se o amor sempre foi o sentimento mais puro e real que o ser humano já pôde sentir? Como entender que o melhor para quem amamos é que ela mantenha distância da gente? Ou fazê-la perceber que o vácuo que nos mantêm distântes é insuportável demais levando a crer que o melhor é então, despedir-se de vez?
Os amores, sejam eles de que forma são, devem ser vividos na sua plenitude. Quando não há compreenssão por parte daquele que é amado, o melhor a fazer é deixá-lo ir, livre para que ele aprenda talvez, em outras vivências, a verdadeira essência do amor.
Despedir-se de quem se ama, voluntária ou involuntariamente pode ser um dos melhores caminhos a seguir. Porque ainda que o sofrimento e a saudade estejam presentes, a distância pode nos servir de reflexão pacífica para a concretização de novos sonhos. Encontrar em outras possibilidades a condição certa para preencher esse amor pleno de vitalidade e carinho. Toda despedida é dor sim, como diz o poeta. Mas as despedidas são necessárias para se firmar e manter o respeito aqueles que amamos. Que saibamos todos nos retirar das vidas que nos cercam no momento certo para deixar fluir a magia que só Deus permite saber o que há de acontecer.