A felicidade é a posse do necessário.
Foi no miniauditório do Centro Espírita Nosso Lar durante o estudo do Evangelho Segundo João que eu ouvi essa frase. O orador do curso, o Marcelo, filho do Astolfo que tantos conhecem no movimento espírita em Londrina, explicou que a frase foi dita pelo apóstolo Paulo, numa de suas epistolas. Forte e ao mesmo tempo tão singela, a frase tocou sinceramente meu coração. Conseguiu transformar minha mente num turbilhão de informações ao mesmo tempo em pouquíssimas frações de segundos e eu mal consegui prestar atenção no restante da aula.
Segundo o Marcelo, que sempre cita muito o apóstolo Paulo, o evangelizador viveu uma vida simples e nunca permitiu que igreja alguma por onde ele passasse o sustentasse. Ele era tecelão e assim viveu até morrer, levando o evangelho de Jesus a todos aqueles que necessitavam da boa nova. Claro que muitos de nós já sabemos que isso tudo aconteceu depois de sua conversão, tempos depois que ele vivia numa perseguição contínua contra os cristãos. Sua história é claramente narrada, de forma emocionante e profunda no livro "Paulo e Estevão", ditado pelo espírito Emmanuel e psicografado por Chico Xavier.
Confesso que foi uma das obras mais lindas do espiritismo que eu já li. Cheguei a derramar lágrimas por vários capítulos. E já neste livro é possível começarmos a compreender o verdadeiro sentido da felicidade. A ignorância dos que não queriam de jeito nenhum crer nos ensinamentos de Jesus, não permitia que eles compreendessem que até mesmo a morte violenta para um cristão era significado de plenitude em busca da vida eterna. Porque quando nosso coração está voltado para os ensinamentos do Cristo, não há nada que possa abalar nossas vidas.
Então quando o Marcelo citou essa linda frase durante a aula eu divaguei nela por longos minutos. E percebi como todos somos ainda muito fracos em acreditar que a dificuldade em conseguir bens materiais ou até mesmo a falta que eles nos fazem seja realmente importante assim. Claro que é importante lutarmos para conquistar as coisas que precisamos. Mas seja o que for, precisamos estar atentos e entender que nada que temos pertence a nós. Tudo é um empréstimo de Deus para que possamos desfrutar dessa vida com dignidade, aproveitar cada minuto nesse planeta e voltar para a pátria espiritual carregados das coisas do céu.
E são justamente com as coisas do céu que devemos nos preocupar. Ajudar o próximo, exercer o bem na sua totalidade onde estivermos, com quem estivermos, onde formos. Respirar e expirar a paz que só Deus permite nos conceder e fazer o possível para transmitir todo esse sentimento aos que conosco convivem.
Então percebi que para a felicidade acontecer, basta sim, um teto para dormir e o pão para comer. E ainda assim, se levarmos nossa fé na sua mais pura essência, entenderemos que nem mesmo com o alimento do dia devemos nos preocupar. A felicidade é a posse do necessário. Nos preocupemos com as coisas do céu, busquemos vivenciar os ensinamentos do Pai e tudo nos será acrescentado. Nem mais, nem menos. Simplesmente o que precisamos para cumprirmos nossa passagem no planeta Terra.