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James Bond é evangélico!

31 dez 1969 às 21:33

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Eu sempre fui o tipo de pessoa que usa os lugares óbvios para paquerar: boates, bares e festas de amigos (amigos de amigos são ótimas chances de a coisa evoluir). Mas já ouvi algumas pessoas dizerem que esses são os piores locais (principalmente as boates e bares movimentados). Por um motivo muito simples: as pessoas ali estão apenas paquerando e dificilmente querem algo além de ficadas casuais.
Especialistas em relacionamento dizem que devemos procurar a cara-metade em locais como restaurantes, exposições, cursos, livrarias. Um amigo me disse uma vez que encontrava pessoas interessantes no supermercado. Entre enlatados, frutas e produtos de limpeza, é possível descobrir o que o pretendente gosta de consumir (os gostos gastronômicos podem dizer muito sobre uma pessoa) e puxar conversa sobre a melhor alface ou o sabão mais eficiente.
Durante uma visita rápida ao mercado na semana passada, dei de cara com um sósia do Daniel Craig e resolvi experimentar a tática. Assim que passei por ele a primeira vez percebi que o gato não era assim tão igual ao James Bond, mas se mostrou interessado em mim também (me olhou por três segundos!). Fiquei passeando pelos corredores do mercado por cerca de dez minutos e cruzei com meu alvo mais três vezes. Em todas, ele me olhava.
Como não sou de chegar em ninguém, fui para a fila do caixa (com muito mais produtos do que tinha me proposto comprar) e torci para que ele tomasse uma atitude. Olhei para os lados e o bonitão havia desaparecido. Abandonei a missão paquera no mercado e esperei até minha vez de ser atendida.
Foi quando o vi na fila de um caixa próximo. Me animei quando ele saiu de onde estava e veio em minha direção. Confesso que fiquei sem reação e resolvi apenas esperar. O 007 parou atrás de mim e menos de um minuto depois me chamou. Fiquei em estado de choque com a pergunta:
- Você é da congregação cristã?
- Hã? (cara de estado de choque!)
- Você é da congregação cristã?
- Não. Por que? (ainda em estado de choque...)
- Imaginei que fosse pela saia e o cabelo comprido.

Eu usava uma saia da Guatemala e uma camiseta branca justa e os cabelos tingidos de loiro estavam presos em um rabo de cavalo. Imagino que eu poderia ser tudo, menos confundida com uma evangélica. Não que isso seja um problema, não tenho preconceitos religiosos, mas tudo que eu não queria ouvir do Daniel Craig era uma pergunta daquelas!
Logo em seguida ele me falou da igreja que ele freqüentava, me deu o endereço e disse que era um lugar muito bacana.
Me despedi e fui embora completamente confusa.
Até agora não sei se ele realmente achou que eu fosse uma irmã da igreja, se tentava apenas me converter ou se estava mesmo interessado e quis puxar assunto da pior maneira possível. Ou será que aquilo era um sinal divino?
Bom, lição do dia: supermercados podem reservar surpresas mais incríveis do que bares e boates!

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