Admito que sou o tipo de mulher que sempre lutou para ser igual aos homens.
Fui criada por meus pais para ser independente e saber me virar sozinha.
Desde a adolescência, era libertária, abusada. Não queria me parecer com as meninas do colégio, comportadas, prendadas, românticas e meigas.
Meu sonho era morar sozinha, ter minha liberdade, viver a vida e fazer o que bem entendesse sem pedir permissão.
Mas acho que a sociedade começa a exagerar na questão direitos iguais.
Aceito bem dividir ou até pagar a conta sozinha (se o cara valer a pena e eu tiver grana), gosto de tomar a iniciativa e procurar o homem que estou a fim. Mas sábado passado percebi que tenho um limite também. Que às vezes me transformo em menininha.
Estava com amigos no Da Silva. Inclusive preciso fazer um elogio aos garçons e ao gerente do bar, que sempre foram muito maneiros comigo, e à banda Boneco Madeira, que está cada vez melhor.
Pois bem, estava na minha mesa quando vi um cara bem interessante passar pelo corredor próximo de onde estávamos. Como ele me interessou e não me viu sentada, resolvi dar minha volta de apresentação (quando o bar ou boate estiver cheio, é importante sair sozinha ou com uma amiga e circular por todo o local procurando pessoas legais e se mostrando para quem também está procurando alguém).
Peguei um copo e fui até a porta do bar, como se procurasse alguém. Fiz questão de passar ao lado do alvo e ficar parada por alguns segundos ao seu lado, para ter certeza que ele tinha me visto.
Voltei para a minha mesa e esperei (às vezes acho que paquerar é como uma pescaria).
O cara voltou em seguida e se aproximou de uma mesa de amigos bem perto de onde eu estava.
Um garçom que percebeu meu jogo e a aproximação do moço, veio até mim e me disse que ele não parava de olhar (eu não via isso porque estava de costas). Me virei e comecei a olhar para ele também, de vez em quando, em uma clara demonstração de interesse da minha parte.
A recíproca, segundo o garçom e uma amiga que estava ao lado era verdadeira: o bonitão, do alto do seu 1,90 m e braços fortes, estava olhando para mim com ares interessados.
E ficou nisso!!!!!
O cara conseguiu passar mais de duas horas só me olhando, sem vir falar comigo.
Como ele aparentava no máximo 22 anos, pode ser que a timidez o tenha impedido.
Ou então ele também é super moderno e acha que as mulheres já assumiram não o direito, mas a obrigação de puxar papo com um cara no bar.
Me desculpa, mas esse é meu limite. Eu posso até ligar quando tenho vontade de ver o cara outra vez, mas chegar a primeira vez ainda é papel do homem! Por favor!
Quando vi que o bonitão não iria fazer nada, desanimei: o que eu posso querer com alguém que sequer chega em mim? O que um cara desses pode me dar?
Olha só, para mim é assim: modernidades são boas, mas certas tradições precisam permanecer, para a gente não se confundir completamente.
Vir falar comigo, mandar flores e ser gentil é coisa de homem sim, até dos modernos!