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Bilhetinho

31 dez 1969 às 21:33

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Essa semana, em mais uma visita ao Bar Da Silva, me aconteceu algo que não sabia que acontecia ainda.
Depois de uma meia hora que eu estava à mesa com duas amigas, o garçom chega e me entrega um guardanapo dobrado.
Dentro estava escrito alguns elogios e um pedido: gostaria de me acompanhar hoje e sempre? Assinado com o nome do pretendente e o número da mesa.
Era logo ao lado de onde estava e quando olhei, vi quem era porque ele me olhava sem desviar o olhar.
Confesso que fiquei sem reação no momento.
Não sabia como reagir a algo do tipo. Eu deveria responder em outro bilhete, esperar que ele fizesse alguma coisa, falar com o garçom ou ignorar a coisa toda?
O rapaz em questão não me interessou, não era meu tipo. Por isso decidi fazer algo antes dele e chamei o garçom. Pedi que agradece o elogio mas que eu tinha namorado (essa desculpa é uma das minhas mentiras piedosas prediletas – em outro texto irei esclarecer o que é uma mentira piedosa e uma mentira sincera). Dizer que se tem namorado é uma boa maneira de se livrar de uma cantada sem fazer o outro se sentir mal e ainda sair com um imagem ótima. O problema é que se você ficar com outro, o cara se liga na hora e pode ficar bem ofendido. Como tinha saído apenas para conversar com as amigas, achei a tática apropriada.
Voltei para casa sozinha, mas feliz por dois motivos: pelo elogio em si e pela atitude do moço. É bacana saber que existem pessoas que ainda usam essas artimanhas antigas e super bonitinhas para paquerar alguém.
Ah! Pensei em guardar o bilhete como lembrança, mas deixei na mesa e o garçom jogou fora.
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