Tinha um professor meu do Cefet (atual UTFPR) que contava sempre a mesma história. Dizia ele que quando os engenheiros desenvolveram a idéia da estação-tubo, empacaram num problema. Ninguém sabia como fazer com que o ônibus parasse no lugar certo para que as portas abrissem sobre a plataforma.
Dizia o professor que muitos apresentaram idéias para resolver o problema. Um criou um sensor que freiaria o veículo no local exato. O problema é que não dá para frear bruscamente um ônibus do tamanho de um biarticulado cheio de gente dentro.
Outra sugestão foi de utilizar um laser que se comunicaria com o painel do ônibus e indicaria ao motorista onde frear. Mas era uma solução complexa e cara demais.
Por fim alguém decidiu conversar com um motorista de ônibus para saber o que ele achava do impasse. Conversa vai, conversa vem, o rapaz diz: ué, mas por que vocês não pintam uma faixa no local onde temos que parar?
Não sei a história é verdadeira, mas o caso é que em muitas estações-tubo é possível observar a tal faixa, pintada em amarelo, no chão.
Nossa vida é cheia de recursos tecnológicos. No entanto, quantas realmente contribuem para melhorar nossa vida?
Pense no Google. O que faz do Google uma ferramenta indispensável? Eu respondo: a simplicidade. Você entra no site, digita o que quer e pronto!
O que um usuário quer é usufruir da tecnologia sem ter que adquirir todo um novo conjunto de conhecimentos. É por isso que o Windows, apesar de ser tão ruim, é tão bom. Você liga e usa. E ele ainda é bonitinho.
O que falta a muitos engenheiros, tecnólogos e técnicos é a habilidade de entender o que o povo quer. Criam-se soluções fantásticas, mas que atrapalham mais o dia-a-dia das pessoas do que facilitam.
Só para contar de mais uma historinha, lembro de um sistema desenvolvido numa organização que conheci. A idéia que todos pudessem trabalhar juntos nos documentos desenvolvidos pela instituição. Que pudessem dar idéias e contribuir. Mesmo que não trabalhassem nas mesmas cidades.
O problema é que não era uma instituição muito democrática. A menos que o funcionário repetisse o que o chefe estava dizendo, era melhor ficar quieto ou arriscar receber uma repreensão.
No fim, aquele sistema incrível que ia revolucionar a organização acabou esquecido abandonado. Um investimento inútil.
Tudo isso porque as pessoas esquecem que no fim de tudo estão, veja só, outras pessoas. Talvez seja o caso de ouvi-las.
Em tempo:
De fato os ônibus de Curitiba param no lugar certo. Mas há muito que os técnicos da prefeitura poderiam ouvir dos usuários do sistema.
Por exemplo, num dia chuvoso como hoje, quem não cabe dentro dos tubos espera o ônibus na fila, para fora, na chuva. E ainda arrisca tomar um banho cada vez que um ônibus passa.